\ A VOZ PORTALEGRENSE: Crónica de Nenhures

quinta-feira, fevereiro 05, 2015

Crónica de Nenhures

Ruínas do teatro da antiga Esparta com o monte Taigeto ao fundo
*
Uma questão de bom senso
*
A Grécia é o exemplo maior da natureza humana. Ao «pão e circo» romano, juntou-se agora um novo Cola di Rienzo, e irá tudo acabar não em ópera, mas em opereta. Antes em opereta, do que em drama.
À ‘entrada de leão’ do governo grego, está a seguir-se uma cómica ‘saída de sendeiro’. Mas toda esta opereta tem consequências!
Há muito que se sabia da situação fraudulenta das contas públicas gregas, que tinha como objectivo criar as condições para que a Grécia entrasse na moeda única. A partir de então, houve muito tempo para que a União Europeia agisse de forma para que tudo fosse corrigido e não se chegasse à situação presente.
Todavia, os interesses políticos, não deixar cair os partidos do centro, e sobretudo os económicos, quanto mais empréstimos mais juros se receberia, e em alta, conduziram à tragédia grega que se vive.
Quanto se diz que na Grécia, as recentes eleições foram um triunfo da democracia, está, como ensina o ditado popular, ‘a tapar-se o sol com a peneira’, porque quem ganhou foi a demagogia.
Foram propostas irrealistas que levaram à vitória eleitoral, daí o recuo do actual governo nessas mesmas propostas, mas, em paralelo, o mesmo governo tomou de imediato medidas populistas que só pioram a situação económica do país. Um paradoxo de consequências mais do que previsíveis, o povo grego ‘pagará’ a curto prazo estas irresponsabilidades governativas.
A Grécia não será a Venezuela da Europa, muito menos a Cuba europeia. Também não será uma nova Atenas. O seu futuro terá que ser uma novíssima Esparta.
“Que fazer?”, eis a famosa pergunta leninista, a qual, na prática, deu origem à feroz ditadura comunista. Contudo, esse também não é o caminho a seguir na Grécia. Mas que a União Europeia é tão, ou mais, responsável pelo que se está a passar no sul da Europa, disso não haja dúvidas.
A solução, ou soluções, são diferentes para cada país, mas que a ‘formiga’ tem que ‘governar’ em vez da ‘cigarra’, é uma incómoda verdade.
A crise grega trará instabilidade política, económica e sobretudo monetária a toda a União Europeia. A unidade europeia vai ser, mais do que questionada, posta à prova. Por mais que os políticos do sistema digam o contrário, não há certezas quanto ao futuro.
Se houvesse Homens de Estado na Europa, o caminho seria mais fácil de trilhar, um caminho de austeridade, sim, num tempo em que a Europa se vê com um conflito a leste de final imprevisível, e com o ‘cavalo de Tróia’ do multiculturalismo no seu seio, que a corrói, destruindo a sua Identidade, os seus Valores e a sua Matriz.
Mário Casa Nova Martins