Crónica de Nenhures
Ruínas do teatro da antiga Esparta com o monte Taigeto ao fundo
*
Uma questão de bom senso
*
A Grécia é o exemplo maior da natureza humana. Ao «pão e
circo» romano, juntou-se agora um novo Cola di Rienzo, e irá tudo acabar não em
ópera, mas em opereta. Antes em opereta, do que em drama.
À ‘entrada de leão’ do governo grego, está a seguir-se uma
cómica ‘saída de sendeiro’. Mas toda esta opereta tem consequências!
Há muito que se sabia da situação fraudulenta das contas
públicas gregas, que tinha como objectivo criar as condições para que a Grécia
entrasse na moeda única. A partir de então, houve muito tempo para que a União
Europeia agisse de forma para que tudo fosse corrigido e não se chegasse à
situação presente.
Todavia, os interesses políticos, não deixar cair os partidos do
centro, e sobretudo os económicos, quanto mais empréstimos mais juros se
receberia, e em alta, conduziram à tragédia grega que se vive.
Quanto se diz que na Grécia, as recentes eleições foram um
triunfo da democracia, está, como ensina o ditado popular, ‘a tapar-se o sol
com a peneira’, porque quem ganhou foi a demagogia.
Foram propostas irrealistas que levaram à vitória eleitoral, daí o
recuo do actual governo nessas mesmas propostas, mas, em paralelo, o mesmo governo
tomou de imediato medidas populistas que só pioram a situação económica do
país. Um paradoxo de
consequências mais do que previsíveis, o povo grego ‘pagará’ a curto prazo estas
irresponsabilidades governativas.
A Grécia não será a Venezuela da Europa, muito menos a Cuba
europeia. Também não será uma nova Atenas. O seu futuro terá que ser uma novíssima
Esparta.
“Que fazer?”, eis a famosa pergunta leninista, a qual, na
prática, deu origem à feroz ditadura comunista. Contudo, esse também não é o caminho
a seguir na Grécia. Mas que a União Europeia é tão, ou mais, responsável pelo
que se está a passar no sul da Europa, disso não haja dúvidas.
A solução, ou soluções, são diferentes para cada país, mas
que a ‘formiga’ tem que ‘governar’ em vez da ‘cigarra’, é uma incómoda verdade.
A crise grega trará instabilidade política, económica e
sobretudo monetária a toda a União Europeia. A unidade europeia vai ser, mais
do que questionada, posta à prova. Por mais que os políticos do sistema digam o
contrário, não há certezas quanto ao futuro.
Se houvesse Homens de Estado na Europa, o caminho seria mais
fácil de trilhar, um caminho de austeridade, sim, num tempo em que a Europa se
vê com um conflito a leste de final imprevisível, e com o ‘cavalo de Tróia’ do
multiculturalismo no seu seio, que a corrói, destruindo a sua Identidade, os seus
Valores e a sua Matriz.
Mário Casa Nova Martins
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