Luís Filipe Meira
Marco
Rodrigues no CAE
Benvindo, à Nossa Rua, Meu Amigo
Poucos,
muito poucos, demasiado poucos espetadores no CAE para ver Marco Rodrigues. Um
jovem fadista de 32 anos com 3 álbuns editados, que tem vindo a construir
paulatinamente uma carreira sólida de sucesso, já com alguns prémios
importantes e a quem Carlos do Carmo presta homenagem considerando-o uma prova
do querer é poder devido à sua garra, rigor, dedicação e talento.
Marco Rodrigues esteve em Portalegre no último sábado para um concerto no CAE aonde atuou para uma sala desoladoramente vazia. Foi pena e quem perdeu foi quem primou pela ausência, pois o artista atuou como se a sala estivesse lotada. Profissionalismo, entrega, respeito e talento. Talento a rodos que é, no fundo, o mais importante. E foi no cruzamento de tudo isto que assentou o segredo de Marco Rodrigues para construir um ótimo serão para as escassas dezenas de pessoas que se deslocaram ao CAE.
Marco Rodrigues trouxe ao Auditório Principal do CAEP o espetáculo “EntreTanto”, baseado nos dois últimos discos, “ Tantas Lisboas /2010” e “EntreTanto / 2013”. O espetáculo procura recrear o ambiente vivido na casa de fados, onde se procura uma proximidade e comunhão entre fadista e público.
O artista que atua regularmente na Adega Machado, consegue criar espontaneamente e com naturalidade essa empatia mantendo um diálogo vivo e permanente com o público ao longo da cerca de hora e meia de espetáculo.
Marco Rodrigues trouxe a Portalegre para o acompanhar três músicos de grande nível. Os jovens irmãos Viana, Pedro na guitarra portuguesa e Bernardo na viola, dois miúdos que são a prova viva que o fado vai ter, só pode, um futuro brilhante e Frederico Gato no baixo, um músico de outra geração, já com outro traquejo e que proporciona o conforto necessário à imaginação do guitarrista e à criatividade do artista principal que também lhe dá na guitarra com pujança e mestria. Houve mesmo um momento instrumental, anunciado como fora do alinhamento, em que os quatro músicos dão asas ao talento que Deus lhes deu e atiram-se numa guitarrada monumental e gloriosa e que se tornou num dos momentos da noite. Há mais três ou quatro momentos de grande intensidade e que importa realçar, apesar do concerto ter mantido uma constância qualitativa assinalável. A interpretação à capela do “Homem do Saldanha”, em que os instrumentos apenas fazem a sua aparição durante o refrão, terá sido para mim o ponto alto, não só porque é uma música que me cai fundo mas também porque a homenagem a esta figura mítica, já desaparecida, da cidade de Lisboa tem sempre uma carga emocional e respeitosa quase mágica. Já o saudoso Bernardo Sassetti, nesta mesma sala, há três ou quatro anos homenageou João Serra, o eterno Senhor do Adeus, de uma forma que também não deixou ninguém indiferente.
O concerto terminou, depois de dois encores com “A Valsa das Paixões” e “Coração Olha o que Queres”, com um número empolgante e aparentemente extra. O fadista e os seus músicos desceram à plateia e aí, sem iluminação nem amplificação, em ambiente muito próximo, interpretaram A Casa da Mariquinhas, convidando um qualquer espontâneo de veia fadista para se lhes juntar, o que não aconteceu mas que de alguma forma sedimentou no público a convicção que esta deslocação à sala da Praça da República não tinha sido em vão.
Não me parece que a crise seja a única razão que explique a ausência dos apaixonados pelo género e dos fadistas amadores que frequentam regularmente as noites de fado e que poderiam ter aprendido bastante no concerto de ontem. Terão também perdido a oportunidade, talvez única, de atuarem ao lado de Marco Rodrigues, quando este desceu à plateia para um último fado, convidando os presentes a juntarem-se à festa. Há certamente razões que a razão desconhece…
Mas Marco Rodrigues ficou feliz com o concerto. Ao regressar a casa, cruzamo-nos ocasionalmente na rua e conversamos um pouco, tendo o fadista mostrando compreensão pela falta de público - a vida de artista é isto, hoje casa vazia, amanhã casa cheia - mas agradado e agradecido com a reação e a participação viva e espontânea dos poucos espetadores que se deslocaram à sala da Praça da República.
Marco Rodrigues esteve em Portalegre no último sábado para um concerto no CAE aonde atuou para uma sala desoladoramente vazia. Foi pena e quem perdeu foi quem primou pela ausência, pois o artista atuou como se a sala estivesse lotada. Profissionalismo, entrega, respeito e talento. Talento a rodos que é, no fundo, o mais importante. E foi no cruzamento de tudo isto que assentou o segredo de Marco Rodrigues para construir um ótimo serão para as escassas dezenas de pessoas que se deslocaram ao CAE.
Marco Rodrigues trouxe ao Auditório Principal do CAEP o espetáculo “EntreTanto”, baseado nos dois últimos discos, “ Tantas Lisboas /2010” e “EntreTanto / 2013”. O espetáculo procura recrear o ambiente vivido na casa de fados, onde se procura uma proximidade e comunhão entre fadista e público.
O artista que atua regularmente na Adega Machado, consegue criar espontaneamente e com naturalidade essa empatia mantendo um diálogo vivo e permanente com o público ao longo da cerca de hora e meia de espetáculo.
Marco Rodrigues trouxe a Portalegre para o acompanhar três músicos de grande nível. Os jovens irmãos Viana, Pedro na guitarra portuguesa e Bernardo na viola, dois miúdos que são a prova viva que o fado vai ter, só pode, um futuro brilhante e Frederico Gato no baixo, um músico de outra geração, já com outro traquejo e que proporciona o conforto necessário à imaginação do guitarrista e à criatividade do artista principal que também lhe dá na guitarra com pujança e mestria. Houve mesmo um momento instrumental, anunciado como fora do alinhamento, em que os quatro músicos dão asas ao talento que Deus lhes deu e atiram-se numa guitarrada monumental e gloriosa e que se tornou num dos momentos da noite. Há mais três ou quatro momentos de grande intensidade e que importa realçar, apesar do concerto ter mantido uma constância qualitativa assinalável. A interpretação à capela do “Homem do Saldanha”, em que os instrumentos apenas fazem a sua aparição durante o refrão, terá sido para mim o ponto alto, não só porque é uma música que me cai fundo mas também porque a homenagem a esta figura mítica, já desaparecida, da cidade de Lisboa tem sempre uma carga emocional e respeitosa quase mágica. Já o saudoso Bernardo Sassetti, nesta mesma sala, há três ou quatro anos homenageou João Serra, o eterno Senhor do Adeus, de uma forma que também não deixou ninguém indiferente.
O concerto terminou, depois de dois encores com “A Valsa das Paixões” e “Coração Olha o que Queres”, com um número empolgante e aparentemente extra. O fadista e os seus músicos desceram à plateia e aí, sem iluminação nem amplificação, em ambiente muito próximo, interpretaram A Casa da Mariquinhas, convidando um qualquer espontâneo de veia fadista para se lhes juntar, o que não aconteceu mas que de alguma forma sedimentou no público a convicção que esta deslocação à sala da Praça da República não tinha sido em vão.
Não me parece que a crise seja a única razão que explique a ausência dos apaixonados pelo género e dos fadistas amadores que frequentam regularmente as noites de fado e que poderiam ter aprendido bastante no concerto de ontem. Terão também perdido a oportunidade, talvez única, de atuarem ao lado de Marco Rodrigues, quando este desceu à plateia para um último fado, convidando os presentes a juntarem-se à festa. Há certamente razões que a razão desconhece…
Mas Marco Rodrigues ficou feliz com o concerto. Ao regressar a casa, cruzamo-nos ocasionalmente na rua e conversamos um pouco, tendo o fadista mostrando compreensão pela falta de público - a vida de artista é isto, hoje casa vazia, amanhã casa cheia - mas agradado e agradecido com a reação e a participação viva e espontânea dos poucos espetadores que se deslocaram à sala da Praça da República.
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