António Martinó de Azevedo Coutinho
UMANIDADES
Afinal, até parece que tenho para aqui andado aos tiros ao accordo ortographico, aos seus autores e praticantes, numa função de guerrilheiro, ou terrorista, que se esconde e saltita ao sabor do acaso ou da mortal inspiração de momento. Quer dizer, quando não tenho mais nada para fazer, atiro ao meu alvo predilecto. Posso dar tal impressão, mas não corresponde à verdade. Esta é muito diferente.
Sempre assumi um esforço concertado no combate a todos as atentados -individuais ou colectivos- cometidos contra a Língua. Já vêm de longe estas manifestações pessoais de intolerância cultural. Aliás, lembro-me de várias crónicas soltas, alusivas ao tema e publicadas no Fonte Nova, pelos princípios do milénio: Estão a assassinar o Português!, Jaz morto e arrefece..., A Língua Portuguesa no seu melhor, A Língua Portuguesa é muito traissoeira, Objetivamente correto, Mais vírgula menos vírgula, Um ótimo Projeto e outras do género. Portanto, o que agora se passa comigo não deriva de um acessso febril momentâneo nem de um capricho infantil. É pura manifestação de coerência, a que alguns -concedo!- poderão chamar teimosia. Continuarei.
Mais, vou prestar uma atenção melhor organizada e este combate. Criei uma secção regular hoje inaugurada, com cabeçalho e tudo, neste espaço de liberdade que o Mário Casa Nova Martins generosamente põe à minha disposição.
Sobre um carimbo mais ou menos oficioso, que decora habitualmente algumas secções jornalísticas ou “blogueiras”, assinalando a sujeição dos respectivos textos aos novos ditames ortográficos, coloquei um flamante NÃO, assim como um título indiscutivelmente fonético, homofónico, em homenagem ao diploma legal em causa: A Cor do Horto Gráfico. Isto é, simbolicamente, cabem lá todas as cores: o verde, o branco, o preto, o cinzento ou o amarelo. Peço desculpa ao azul, ao roxo e, sobretudo, à cor-de-burro-quando-foge. É que, esteticamente, resultava muito foleira a aplicação de todas as cores do arco-íris...
Para abrir com chave de ouro esta nova secção, pareceu-me adequado nela partilhar com os leitores, que generosamente queiram aderir aos princípios enunciados na linha editorial acima detalhada, uma recente e deliciosa crónica da autoria do jornalista Nuno Pacheco.
Se o ridículo matar, haverá por aí uma mortandade sem conta. Porém, como se trata de casos de eutanásia cultural, isso ficará com a consciência ética de cada qual.
António Martinó de Azevedo Coutinho
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