\ A VOZ PORTALEGRENSE: Mário Silva Freire

quinta-feira, janeiro 07, 2010

Mário Silva Freire

O BEM COMUM – 5
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A escola, a família e algumas interrogações
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Voltando, ainda, ao tema da escola, abordado no Congresso da Conferência Episcopal de Novembro passado, assiste-se hoje a uma tendência para transferir para a instituição escolar o cerne da educação. É aí que as crianças e os jovens passam a maior parte do seu dia social. Já houve uma instituição escolar que se propôs prolongar os seus horários até à meia-noite para que os pais pudessem ir ao cinema!
Ora, os problemas educacionais não se situam apenas na escola mas no tipo de vida que hoje se leva. Não será um certo modo de viver que originará o prolongamento da permanência dos alunos na escola? Não se terá que questionar o local de trabalho dos pais e as distâncias que eles têm de percorrer até aos empregos, o trânsito, o papel das empresas, o comodismo, a ignorância, para se estar a assistir à transferência para a escola da responsabilidade da educação dos filhos? Não estará a família a pactuar e, até, a desejar este modelo - o E24 (a escola durante 24 horas) - no dizer do Prof. Joaquim Azevedo?
A educação é o motor do desenvolvimento da pessoa e de um país. E múltiplas são as variáveis que concorrem na educação para que esta possa, efectivamente, ser exercida quer pela família, quer pela comunidade. Às famílias têm que ser proporcionadas condições de vária ordem para que elas exerçam essa grande tarefa. O Estado terá nisso um papel importante. Mas não haverá outras entidades que tenham, também, responsabilidades no proporcionar dessas condições? Muitas empresas, com as tecnologias de que dispõem, não poderiam propiciar, através do teletrabalho, meios para que os pais pudessem estar, em determinadas circunstâncias, mais tempo com os filhos? As instituições da sociedade civil de natureza cultural e de serviço social, muitas das quais pertencentes à Igreja, não poderiam discutir com as famílias, de uma maneira mais próxima, o papel que lhes cabe na educação?
E a escola, como exerce ela o seu múnus? Estão os professores impedidos, especialmente os cristãos, de interrogarem os acontecimentos e suscitarem essa interrogação junto dos seus alunos? E de criarem espaços de silêncio para reflectirem? Que constrangimentos dificultam o fomentar de comportamentos disciplinados e de exigência? Que modificações é preciso introduzir no funcionamento da escola para que ela possa congregar os pais, se possível, indo até junto deles para os apoiar nas suas relações com os filhos e os esclarecer sobre o papel destes dentro e fora da instituição escolar?
Mário Freire

in, O Distrito de Portalegre, 07 de Janeiro de 2010, p.16

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O BEM COMUM – 4 / A dimensão religiosa na educação para o bem do homem

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O BEM COMUM – 3 / O lugar da religião
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O BEM COMUM – 2 / O papel do Estado
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O BEM COMUM – 1 / A caminho de um novo modelo social
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