Iraque
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A imprensa americana está comentando o recém-lançado livro de Scott McLellan, que foi porta-voz da Presidência durante três anos e agora conta tudo sobre a campanha mentirosa para justificar a invasão do Iraque e outras sujeiras do Governo Bush. A única novidade do relato é ser feito por alguém que estava dentro da Casa Branca e participou — muitas vezes enganado também, diz ele agora — do logro que resultou na guerra mais longa em que o país já se meteu e cujo custo em vidas humanas continua a subir. A imprensa americana está comentando menos outra coisa que já se sabia mas ninguém com as credenciais de McLellan tinha dito antes: a sua própria cumplicidade na campanha mentirosa. Com a autoridade de quem se encontrava com ela quase todos os dias, McLellan descreve uma imprensa subserviente, que raramente questionava as mentiras do Governo e, com poucas excepções, aceitava todas as razões da direita guerreira.
O New York Times», besta negra dos conservadores americanos com a sua linha pró-democratas e internacionalista, forneceu os exemplos mais notórios de colaboração com o engodo nas suas matérias de primeira página em que a super-repórter Judith Miller transmitia as alarmantes ficções do escroque iraquiano no exílio Ahmad Chalabi sobre as armas de destruição em massa do Saddam. O «Times» depois pediu desculpas aos seus leitores, mas nenhum outro grande jornal americano que ajudou a promover a guerra teve o mesmo escrúpulo. MaLellan chama a atitude da maior parte da imprensa em relação a Bush, antes e depois da invasão do Iraque, de «reverencial».
Apesar de persistir nos Estados Unidos o mito de uma imprensa dominada por «liberais», o facto é que — de novo, com excepções — a direita não tem do que se queixar dos jornais americanos. Mesmo os não abertamente reaccionários, como o «Wall Street Journal», preferem um centrismo não muito bem equilibrado. Agora mesmo, com as eleições presidenciais se aproximando, o desequilíbrio aparece.
Não fizeram metade do barulho com as ligações do republicano McCaincom religiosos malucos mas brancos, como o que disse que Deus castigou Nova Orleães pelos seus pecados com o furacão, que fizeram com a ligação de Obama com aquele pastor radical negro. «Double standards» é o termoem inglês para dois pesos e duas medidas. Os «double standards» da imprensa americana estão à mostra.
O New York Times», besta negra dos conservadores americanos com a sua linha pró-democratas e internacionalista, forneceu os exemplos mais notórios de colaboração com o engodo nas suas matérias de primeira página em que a super-repórter Judith Miller transmitia as alarmantes ficções do escroque iraquiano no exílio Ahmad Chalabi sobre as armas de destruição em massa do Saddam. O «Times» depois pediu desculpas aos seus leitores, mas nenhum outro grande jornal americano que ajudou a promover a guerra teve o mesmo escrúpulo. MaLellan chama a atitude da maior parte da imprensa em relação a Bush, antes e depois da invasão do Iraque, de «reverencial».
Apesar de persistir nos Estados Unidos o mito de uma imprensa dominada por «liberais», o facto é que — de novo, com excepções — a direita não tem do que se queixar dos jornais americanos. Mesmo os não abertamente reaccionários, como o «Wall Street Journal», preferem um centrismo não muito bem equilibrado. Agora mesmo, com as eleições presidenciais se aproximando, o desequilíbrio aparece.
Não fizeram metade do barulho com as ligações do republicano McCaincom religiosos malucos mas brancos, como o que disse que Deus castigou Nova Orleães pelos seus pecados com o furacão, que fizeram com a ligação de Obama com aquele pastor radical negro. «Double standards» é o termoem inglês para dois pesos e duas medidas. Os «double standards» da imprensa americana estão à mostra.
LUÍS FERNANDO VERÍSSIMO
46 actual 13 junho 2008 EXPRESSO
46 actual 13 junho 2008 EXPRESSO
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