\ A VOZ PORTALEGRENSE: Espanha

quinta-feira, junho 12, 2008

Espanha

Crise da economia espanhola agudiza
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Todos os indicadores mostram resultados negativos.
Zapatero ainda não assumiu a gravidade da situação
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O Governo espanhol é a única entidade que resiste a aceitar o facto de o país estar a viver uma das crises económicas mais sérias da sua história recente. Chama-lhe "desaceleração", acrescentando-lhe o qualificativo de "intensa" ou "profunda", consoante os casos.
A palavra 'crise' não foi ainda pronunciada por nenhuma instância oficial. E, no entanto, nenhum dos indicadores clássicos deixa margem para dúvidas, jáque todos apresentam resultados negativos. Os especialistas dizem que é obrigação do Executivo não contribuir para o pessimismo generalizado, mas acrescentam que é uma grave irresponsabilidade não aceitar a realidade, porque é um dos elementos básicos para elaborar uma estratégia adequada para a neutralização da crise. Embora ninguém se atreva a falar em público de recessão, muitos aceitamque já não é um horizonte impossível.
Em Espanha, quatro factores básicos coincidiram para explicar a situação: a influência da crise desencadeada pelo fenómeno das hipotecas de alto risco nos Estados Unidos; a subida desenfreada dos preços dos produtos petrolíferos: a alta dos custos dos alimentos básicos; e o rebentar da bolha imobiliária, com o seu efeito imediato em todo o sector relacionado com a construção. O resultado foi uma descida das taxas de crescimento (a taxa homóloga foi em Maio de 2,7%, a mais baixa desde 2002, e prevê-se uma taxa inferior a 2% no final do ano), um aumento muito significativo do desemprego e da inflação, uma descida das receitas do Estado pela menor actividade e o desaparecimento do «superavit» nas contas públicas, entre muitos outros. O problema é que ninguém se atreve a vaticinar a duração deste clima, que afectou seriamente a confiança dos cidadãos. No Governo mantém-se a tesede que no final deste ano já se observarão alguns sintomas de recuperação, mas há analistas que consideram que isso não sónão será assim, como em 2009 o perfil da crise se agravará.
O ministro da Economia, Pedro Solbes, que é também vice-presidente do Governo e goza de toda a confiança do primeiro-ministro Zapatero, acredita que terminará o ano com uma inflação do 3,5%, desde que os combustíveis se mantenham nos preços médios actuais; contudo, os dados de Maio elevamjá este número para 4,7%, o mais elevado desde 1995. Há alimentos básicos (pão, leite, ovos, carne de frango...) que têm registado subidas superiores a 40%.
O desemprego apresenta resultados similares. Há actualmente mais 318 mil desempregados que em 2007, totalizando 2,35 milhões de pessoas, com taxasque são as mais altas entre todos os países europeus. A associação patronal CEOE teme que o ano termine com cerca de três milhões de desempregados, o que terá impactos significativos nas despesas para cobertura dodesemprego. Os imigrantes são os mais afectados, e estão a ser tentadas fórmulas que incentivem o regresso aos seus países de origem.
As vendas de automóveis caíram 24.3% em Maio. E na Bolsa, nos cinco primeiros meses do ano, venderam-se menos 12% de títulos do que em igual período de 2007. O consumo de gasóleo caiu cerca de 10% em Março. Areceita do IVA baixou nos quatro primeiros meses do ano cerca de 10.2% e só no mês de Abril caiu l9.7"o. A descida na venda de apartamentos foi de 40% emAbril e já há mais de um milhão de habitações no mercado à procura de compradores, que escasseiam devido às restrições aocrédito hipotecário e à subidada Euribor para os 5%. O consumo privado, que representa 60% do PIB, está a crescer ao ritmo mais lento dos últimos 13 anos e o índice de confiança dosconsumidores desceu dos 96,7% em 2004 para 63,8% em Abril deste ano. O prazo de liquidação de dívidas é hoje 140% mais altoque em Abril de 2007 e as caixas de aforro registam operações de crédito duvidoso no valor de €13 mil milhões.
O panorama, seja qual for oponto de vista, é desolador. E o pior é que, na opinião dos especialistas, as previsões do governo impediram que, até agora, fosse avançado um pacote mínimo de soluções.
ANGEL LUÍS DE LA CALLE
correspondente em Madrid
economia@expresso.pt
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A ESPANHA EM NÚMEROS
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PIB por habitante (2007)
30.120 dólares
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PIB (2007)
1.351.608 milhões de dólares
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Taxa de inflação acumulada anual em Maio de 2008
4,7%
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Taxa de crescimento homóloga (Maio 2007 – Maio 2008)
2,7%
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Taxa de crescimento prevista oficialmente para 2008
2/2,3%
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Taxa de crescimento (previsão OCDE do PIB preços mercado)
1.6% (contra 6,6% em 2007 e 8,3% em 2006)
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Crescimento das importações em 2008 (previsão OCDE)
3,6% (contra 6,6% em 2007 e 8,3% em 2006)
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Taxa de desemprego (Maio 2008)
9,3% (contra 8,3% em 2007
Expresso, 07 de Junho de 2008
ECONOMIA 19
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