\ A VOZ PORTALEGRENSE: Leilão

quarta-feira, junho 11, 2008

Leilão

Parafraseando Roberto Browning: O que é difícil não é escrever um livro; é saber ler um livro.
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Por um livro único, o bibliómano "rejeitaria a coroa das índias, o Papado, todos os museus da Itália e da Holanda, se os houvesse de trocar por esse único exemplar".
Machado de Assis
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DUAS PALAVRAS
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Estou muito velho e já não tenho espaço para os livros.
Resolvi, por isso desfazer-me de parte da minha biblioteca.
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Muitos lotes são não só interessantes como invulgares. Chamo a atenção, entre outros, para o Cancioneiro da Ajuda, para as Ordenações e vários volumes que respeitam ao antigo direito, para Kant, para Sade, para a edição de 1808 da sentença da revisão do processo dos Távoras e uma cópia manuscrita, provavelmente de fins do século XVIII, para uma colecção de periódicos do tempo da Mana da Fonte e onde figura o primeiroartigo de Camilo Castelo Branco, para um atado com folhetos de literatura de cordel, para Eça de Queirós, para o Orfeu e alguns modernistas; e, em especial, para uma Cervantina fora do comum e que conta espécimes preciosos e raríssimos - por exemplo, uma edição do D. Quixote publicada em Lisboa em 1605 e saída da oficina de Pedro Crasbeeck e que é, talvez, exemplar único, como provei numa comunicação que proferi em 1999 na Associação dos Arqueólogos Portugueses e que tem separata e entra também neste leilão (lote nº 259).
Quando vi levarem os livros, acudiu-me ao espírito o episódio d’A Morgadinha dos Canaviais em que o herbanário assiste com o coração apertado ao corte das suas árvores.
E com uma saudade imensa que me despeço de amigos de todas as minhas horas, mas espero que quem adquirir as obras - sejam ou não as mais cotadas comercialmente - as estimem tanto como eu as estimei.
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Lisboa, Fevereiro de 2008-06-11
Guilherme Goldegel de Oliveira Santos

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Deste Ilustre Escritor e Bibliófilo temos estes dois livros