Avelino Bento
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NO RIO... ONDE COMEÇA O MAR
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No
épico de J.R.R. Tolkien, «The Lord of the Rings», a vitória do Bem sobre o Mal
tem como base a amizade entre Frodo e Sam. Sem essa amizade a demanda não teria
o fim desejado, e as Trevas venceriam a Luz. Às dúvidas e medos de Frodo,
respondeu sempre Sam com a mais pura das amizades.
O
Senhor Oliveira da Figueira é a personagem portuguesa mais conhecida no
universo de Hergé. Amigo do seu amigo, tem em «Tintin au pays de l’or noire», a
oportunidade de mostrar a força da sua amizade por Tintin. Na referência que
Hergé faz ao Senhor Oliveira da Figueira, define-o como “um amigo leal”. E num
célebre cartão de boas-festas dos Studios Hergé, datado de 1973, o Senhor
Oliveira da Figueira surge mesmo ao lado do próprio Georges Remi. Hergé dá a
direita ao leal amigo Oliveira da Figueira.
A
cumplicidade estabelecida entre Rick Blaine e o capitão Louis Renault, quando
da partida do avião que leva Victor Laszlo e Ilsa Lund de Casablanca para
Lisboa, faz com que Rick diga a Louis que “é o princípio de uma linda amizade”.
É
um bem raro nos tempos que correm, a amizade. Em sentido largo, pode
afirmar-se que é uma forma de relacionamento humano que envolve o
conhecimento mútuo e a afeição. Na amizade, a lealdade é um princípio
fundamental. Cultivá-la é uma arte, uma nobre arte. E como é verdadeira a
amizade, quando surge entre “amigos improváveis”.
A
ideia de intervenção cultural na sociedade portalegrense fez com que conhecesse
pessoalmente o Avelino. Amigo comum, Carlos Juzarte Rôlo, foi o elo da ligação
da qual resultou a constituição de um grupo de pessoas, cujo elemento comum era
o interesse na intervenção cívica na comunidade, através da cultura.
Nasce
assim a «Associação Janus – Projecto Cultural». Com Américo Agostinho, Avelino
Bento, Carlos Juzarte Rôlo, Fernando Correia Pina, José Polainas, eu próprio,
constituímos o núcleo duro. A «Janus» levou a cabo várias iniciativas. Teve
vida curta, mas todos os seus eventos tiveram a presença de elites culturais de
Portalegre.
Entretanto,
a «Plátano, Revista de Arte e Crítica de Portalegre» já tinha existência
física. E este grupo passou a colaborar de forma mais intensa na revista,
através da participação escrita e nas suas apresentações públicas.
Em
todo este percurso, construiu-se forte camaradagem. E também em periódicos
encontros, nos quais se honra os manjares tradicionais da região, sempre
acompanhados da mais franca e salutar troca de ideias.
Ao
longo dos anos a minha relação com o Avelino foi no sentido de se ter criado
uma relação de amizade, baseada no respeito, mas também nas diferenças.
A
defesa de Princípios e Valores distintos, feita com coerência, com verdade e
tolerância, com a maior liberdade de pensar e agir, a tal improbabilidade, foi
o cimento para a amizade pura e fraterna que nos une, e que me honra.
Avelino
Bento é um académico. Dedicou à Escola, à sua Escola, o melhor dos seus anos e
da sua vida. Foi um professor competente, com um percurso que merece os maiores
encómios.
Ainda
não conhecia pessoalmente o Avelino, e já tinha lido «Teatro e Animação, outros
percursos do desenvolvimento sócio-cultural no Alto Alentejo», que é a sua tese
de doutoramento.
Já
conhecia o Avelino e estive presente na apresentação do seu livro «O meu blog
deu-me o mundo».
Hoje
tenho o maior prazer em estar com o Avelino na apresentação do seu livro de
poesia «No rio… onde começa o mar».
A
blogosfera também nos aproximou, com as leituras que fazíamos nos nossos blogs,
«A Voz Portalegrense» e «Exdra/Animação». Muito aprendi no «Exdra/Animação»,
aliás, o período de ouro dos blogues foi extraordinário na difusão e troca de
saberes.
Não
posso esquecer que foi o Avelino quem propôs o meu nome para apresentar um dos
convidados do Ciclo de Conferências de Senadores do Instituto Politécnico de Portalegre.
Com a concordância do então presidente do IPP, Doutor Joaquim Mourato, tive o
privilégio de fazer a apresentação do Professor Adriano Moreira.
O
Avelino é um homem do mundo. Culto, com uma excelente livraria, viajado,
conhece vários continentes e inúmeros países e suas culturas, a sua escrita é
erudita, sempre com a preocupação de transmitir o conhecimento, fundamentado em
bases sólidas. Um excelente conversador, é sempre um prazer e uma mais-valia
ouvir e conhecer as suas opiniões, todas elas bem construídas e documentadas.
É
verdade que nas diferenças se aprende a colher. Não será despiciendo afirmar
que o conhecimento e o saber fazem parte do crescimento integral do homem, na
relação com a sociedade a que pertence.
Nesta
fase da sua vida, o Avelino quis prestar mais um serviço à comunidade
portalegrense, através de um trabalho de grande qualidade que vem desenvolvendo
nesta casa da Associação Humanitária de Bombeiros Voluntários de Portalegre.
Esta
tarde é dedicada à Cultura, na sua componente poética. O Avelino oferece-nos o
seu último trabalho, uma obra de Poesia, na qual pôs todo o seu Ser.
O
momento é do Avelino. E eu sinto orgulho de estar com ele, de o viver junto com
ele, de estar com o meu grande Amigo Avelino Bento.
Portalegre, 18 de Maio de 2019
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