Amílcar Santos, o Presidente injustiçado - I
Se dúvida houvesse, o resultado das últimas eleições
autárquicas de 29 de setembro de 2013, sobre a perda da memória das gentes, mostra, prova a sua verdade, a sua evidência.
E o descaramento com que gente culpada pelo descalabro
político, económico e financeiro em que mergulhou a Câmara Municipal de
Portalegre entre 2002 e 2012, se distribuiu pelas listas que julgavam
vencedoras, PSD e CLIP, e que nelas foram aceites, ou como candidatos ou como
apoiantes públicos!
A falta de vergonha, a sem-vergonha marca o quotidiano desta
III República, também em Portalegre.
Hoje, passados mais de dezasseis anos sobre a eleição de
Amílcar Santos para a Presidência da Câmara Municipal de Portalegre, as novas
gerações desconhecem o homem e a obra. Os outros, como que criaram um manto de
silêncio em seu redor, a ponto de o seu nome e a sua herança política parecer
nunca ter existido!
Ao longo do seu mandato de quatro anos, Amílcar Santos
sofreu continuamente uma campanha contra si, em dois sectores. O PS nunca se
mostrou solidário com ele. E na comunicação social, o semanário «O Distrito de
Portalegre», pela pena de dois colaboradores e com a conivência da direcção e
proprietário, movia-lhe sistematicamente toda a forma de ataque, fosse ele de
cariz pessoal ou político. Também na parte final do seu consulado, um
articulista do «Fonte Nova» não perdia ocasião para o atacar ferozmente.
Tudo isto, aliado a uma certa dificuldade de comunicação com
a equipa que dirigia na autarquia, e a exigência de seriedade e rigor no
desempenho das funções por parte dos funcionários camarários, criou e criou-lhe
uma imagem de rigidez e dureza, que não correspondia à verdade.
Amílcar Santos perdeu a reeleição, e com a maior dignidade
desempenhou primeiro o cargo de vereador e simultaneamente líder da oposição,
tendo-se depois afastado da vida pública.
É altura de se dizer que durante o mandato de Amílcar Santos
tínhamos um espaço de opinião semanal no jornal «O Distrito de Portalegre»,
intitulado “Conta-Corrente”.
Nesse espaço muitas vezes fomos críticos de escolhas e
tomadas de decisão de Amílcar Santos. Mas em nenhum momento ultrapassámos a
barreira que separa a crítica construtiva da negativa, em tempo algum pactuámos
com a calúnia e a mentira contra Amílcar Santos.
E sempre com ele mantivemos uma relação franca, sincera e
frontal, a mesma que hoje, passados estes anos, mantemos.
Entre junho de 1998 e setembro de 2001, foram editados
catorze números de uma 3.ª Série do denominado «Boletim Municipal».
Este boletim, tão usual e usado na época pelos poderes
autárquicos como veículo de propaganda, não deixa de ser como que um
repositório, um reportório do que foi feito no concelho ao longo do mandato, e
para memória futura, diga-se.
Não temos a colecção completa. Falta-nos o número 6. Mas a amostra dos treze números permite-nos ter uma ideia precisa do que foi feito
no concelho de Portalegre naqueles anos de 1998 a 2001.
Em próximos posts iremos sumariar justamente estes boletins,
e assim contribuir para a escrita da História de Portalegre naquele período, e ao
mesmo tempo recordar aos Portalegrenses o Homem e a Obra.
Amílcar Santos faz parte da História recente de Portalegre.
É tempo do silêncio dar lugar às palavras.
Mário Casa Nova Martins
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