Desabafos 2013/2014 - III
O inverno dá sinais de estar a chegar, o frio tem sido
muito, os dias são cada vez mais curtos, mas o inverno do nosso
descontentamento, esse, dura e parece não ter fim.
Segundo dados divulgados na comunicação social, o número de
ricos continua a aumentar, enquanto o dos pobres também cresce, fruto da
destruição da classe média portuguesa.
Mostra a História de Portugal que o país só teve classe
média a partir da década de sessenta do século XX. Nunca a economia permitira
que tal acontecesse, o que mostra a sua fragilidade e a consequente assimetria
social portuguesa.
A classe média que o Estado Novo criou foi a grande
impulsionadora da melhoria da economia, criando procura de bens e serviços.
Todavia, na Terceira República, sempre que Portugal entrou
em crise, a classe média ficava em grandes dificuldades, e começou a regredir,
chegando ao presente num estado de proletarização.
É um facto que se caminha progressivamente para a extinção
da classe média, e tal irá extremar a situação social.
O consumo continuará a baixar, empresas fecharão em maior
número, o desemprego crescerá.
O Regime está esgotado, mas não se vislumbram alternativas
credíveis. Portugal há muito deixou de ter um desígnio, um rumo. O amanhã é
sempre pior que o hoje, que por sua vez é inferior ao ontem.
A cultura hedonista, as causas fraturantes, a crise na Ética,
na Moral e na Família, a falência do Cristianismo, é no seu conjunto apenas o
pronúncio do fim do paradigma que tornou o Ocidente o farol do mundo civilizado.
Mário Casa Nova Martins
http://www.radioportalegre.pt/index.php/desabafos/mario-casanova-martins.html
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