Desabafos
«E é amar-te, assim, perdidamente...
É seres alma, e sangue, e vida em mim…»
Assim nos diz Florbela Espanca nestes versos do seu
belíssimo poema “Ser Poeta”.
Amar, amar em Portugal é algo de que poetas e novelistas têm
tratado nos seus escritos ao longo dos séculos, desde os tempos dos trovadores
até aos dias de hoje.
Por muito que se queira, ou não, o amor é sempre vivido de
forma própria por quem tem, ou teve, alguma vez o maravilhoso privilégio de o
sentir e viver.
Na sua peça de teatro “A Ceia dos Cardeais”, Júlio Dantas
coloca na boca do português cardeal Gonzaga a frase, «Em como é diferente o
amor em Portugal!», e mais adiante noutro diálogo Gonzaga afirma, «Pode-se lá
viver sem ter amado alguém!».
É Luís de Camões quem imortaliza os amores de Pedro e Inês.
Aquele amor que a política, as razões de Estado, fez terminar em sangue e
morte, tal como acontecera aos Amantes de Verona, que é tão forte como o de
Soror Mariana Alcoforado, e que está presente nas cartas que escreveu ao seu
amado.
Estão a celebra-se os 150 anos da publicação de “Amor de
Perdição” de Camilo Castelo Branco.
O amor trágico entre Teresa de Albuquerque e Simão Botelho é
acompanhado pelo amor não correspondido de Mariana por Simão. Todo o drama é
fruto do amor que é, como diz Camões, «fogo que arde sem se ver».
Datado de 1862, “Amor de Perdição” faz parte da chamada
segunda fase do romantismo, em que o amor pode levar até as últimas
consequências, como a própria morte.
Adaptado ao teatro e ao cinema, “Amor de Perdição” continua
atual, daí a justa celebração da efeméride.
Mário
Casa Nova Martins
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