Convento de Santa Clara de Portalegre - I
DOS MONUMENTOS ÀS PESSOAS - I
O Distrito de Portalegre, N.º 5779, 30 de Abril de 1982
O
Convento de Santa Clara e algumas achegas
para o conhecimento da sua história
para o conhecimento da sua história
O reconhecimento das minhas minguadas informações
sobre o Convento de Santa Clara levou-me à decisão de tentar a possível
pesquisa e dela dar conta aos leitores de «O Distrito de Portalegre».
É dos livros da especialidade, e já aqui o
registámos, de passagem, que a sua fundação remonta ao ano de 1376, em pleno
reinado de D. Fernando – reinado que teve o seu início em 1367 e terminaria em
1383, seguindo-se-lhe a Regência de D. Leonor Teles. As suas dúbias ou certas
escandalosas relações com o Conde de Ourem, João Fernandes Andeiro e a hipótese
de a coroa de Portugal, por morte de D. Leonor Teles, passar para sua filha D.
Beatriz, casada com D. João I de Castela, traziam o povo descontente. Com a
aclamação de D. João I e a vitória de Aljubarrota, a causa do povo triunfa e D.
Leonor Teles é encarcerada em condições desumanas, num mosteiro, em
Tordesilhas, vindo a morrer, pouco depois, em 1386, noutro de Valhadolide.
Entretanto, foi a esta Rainha, que Portalegre ficou
devendo este convento, edificado como dissemos em pleno reinado de D. Fernando,
- convento que, pelo que dele nos resta, concretamente, metade do claustro, que
se aceita ser da primitiva construção, constituiu obra notável – hoje a
reclamar imperiosa reparação.
Aceita-se, portanto, que cerca de metade do claustro
actual é, ainda, da primitiva construção, de estilo «gótico», já que surgiu
após o «românico», e, segundo opinião generalizada, se deve à influência dos
«godos» - bárbaros invasores – o que levou a que, na história, até bastante
tarde, este estilo fosse considerado com menos apreço, como expressão de arte
«bárbara» ou dos bárbaros.
Falar do Convento de Santa Clara, fundado por D.
Leonor Teles, supõe antes do mais, uma breve informação, sobre cada uma destas
figuras. Foram tão diferentes, mas não é pecado dizer que esta fundação, como
outras, expressa real apreço da Rainha, pelas Clarissas (ou «filhas» de Santa
Clara de Assis) que, nesse tempo, se expandiam, pelo mundo, como «Segunda Ordem
Franciscana», à compita com os chamados «Frades Menores», ou simplesmente
«Franciscanos» que, desde há um século, se tinham já estabelecido em Portalegre
– visto que a Igreja do Convento de S. Francisco data de 1275. E se a
informação sobre D. Leonor Teles não terá grande interesse, para o nosso caso,
já o mesmo se não pode dizer de Santa Clara e das «Clarissas» que, através dos
seus conventos, marcaram a sociedade portuguesa, ao longo de cinco séculos.
Para já, podemos adiantar que foi Abadessa do
Convento de Santa Clara uma das «Clarissas» mais insignes da sua Obra cuja
autobiografia escrita, em obediência aos seus confessores, chegou até nós, com
o título de «Vida da Serva de Deus Soror
Isabel do Menino Jesus» - natural de Marvão, falecida em Portalegre, como
soe dizer-se, em odor de santidade, no ano de 1752, aparecendo o livro da sua
vida impresso, logo em 1755. Mas, por hoje, fiquemo-nos por aqui.
Padre Anacleto Martins
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