\ A VOZ PORTALEGRENSE: Crónica de Nenhures

quinta-feira, maio 05, 2011

Crónica de Nenhures

… para que tudo fique na mesma

Precisamente de hoje a um mês, domingo dia 5 de Junho de 2011, vão decorrer em Portugal umas eleições legislativas desinteressantes. É que, graças à inabilidade política do actual presidente da República e da actual direcção do PSD, há um vencedor antecipado: José Sócrates Carvalho Pinto de Sousa, de seu nome.
As últimas sondagens já davam o PSD em queda e o PS a subir. E desde o final da comunicação que na terça-feira passada fez o primeiro-ministro ao país, que tudo se inverteu. Como se diria, «o ouro foi dado ao bandido»!
José Sócrates é um ‘animal político’, com mais semelhanças que diferenças para com o outro ‘animal político’ desta Terceira República, Francisco Manuel Lumbrales de Sá Carneiro. Les bons esprits se reencontre!...
Tudo faz prever para que no final do escrutínio, na madrugada de 6 de Junho, o PS seja o partido mais votado, mas sem maioria absoluta. Seguir-se-á o PSD, com uma votação semelhante àquela que obteve nas anteriores legislativas. Em terceiro virá o CDS, que sairá reforçado em votos e mandatos. Em quarto virá o PCP, que manterá valores semelhantes aos que obtivera. E por fim o BE, que perderá votos e mandatos.
Como se sabe, à Direita do CDS nenhum partido elegerá qualquer deputado. O que é negativo para o Regime.
O PS crescerá, porque tem um líder hábil e porque ‘virou’ à Esquerda, indo ‘pescar’ na área do BE. Não perderá muitos votos ao centro, e assim será inquestionavelmente o grande vencedor, mesmo não alcançando a almejada maioria absoluta.
O PSD vai ser, juntamente com o BE, o grande derrotado. Não fica em primeiro lugar, nem os seus mandatos somados com os do CDS darão maioria absoluta. Mais do que ‘entrar numa travessia do deserto’, será o princípio de um ocaso. E, claro, não será do PSD o próximo presidente da Assembleia da República.
O ‘balão’ do BE começará, inexoravelmente, a desencher. Enquanto o jesuítico Francisco Louçã continuar a liderá-lo, não voltará a crescer eleitoralmente. Louçã criou junto até do seu próprio eleitorado ‘anti-corpos’ que o tornam desagradável. ‘Mais papista que o papa’, tem sempre ‘na ponta da língua’ resposta destrutiva para tudo. É alguém que não consegue ter um discurso construtivo, e o seu discurso é de uma agressividade a todos os níveis.
O PCP irá fixar o seu eleitorado, mas não vai conseguir fazer mais do que voltar a ser o quarto partido, por troca com o BE.
A par do PS, o CDS será um vencedor. Parece que finalmente os Portugueses que davam ‘de olhos fechados’ continuadamente o seu voto ao PSD, perceberam que aquele era um voto que apenas servia as clientelas que constituem o PSD, onde o interesse nacional se confunde com o interesse próprio do grupo que no momento lidera o PSD. Assim, o CDS ‘recolhe’ e ‘cresce’. Mas há que ter sempre em conta a volatilidade do eleitorado, e sem credibilidade, tudo se volta a perder.
E Aníbal Cavaco Silva será o maior perdedor.
Mário Casa Nova Martins
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