António Martinó de Azevedo Coutinho
Nesta espécie de curta volta ao mundo da publicidade aos quadradinhos, foram apresentados exemplos das diversas modalidades, consoante os objectivos, das intervenções publicitárias da BD: a publicidade propriamente dita, de cariz comercial; a propaganda, com sinal fortemente politizado; o serviço cívico, dotado de intenções não lucrativas, essencialmente comunitárias.
No vastíssimo painel dos exemplos dignos de reflexão alguns existem, ainda, merecedores de exposição pública.
Um conselho ilustrado com oportuna incidência na saúde pública, o de usar uma protecção na cabeça em função dos riscos de uma exagerada exposição aos raios solares - eis o objectivo deste folheto de origem brasileira, um bom exemplo para nós próprios.
A questão do combate ao tabagismo, também nos domínios da saúde pública, tem sido aqui tratada a diversos níveis. Também nos chega do Brasil um outro folheto, dedicado a essa magna questão, nas suas aplicações educacionais. Juntam-se-lhe duas pranchas retiradas de um saudoso arquivo de memórias, evocativas de uma iniciativa pioneira devida ao traço de um competente desenhador espanhol -Jesús Blasco- entre nós divulgadas há um bom meio século, em revistas nacionais desses tempos, nomeadamente em O Mosquito. Embora desprovidas da nítida tonalidade de serviço público, essas curtas historietas de uma só prancha exibem uma desapaixonada frescura, sendo a primeira protagonizada por uma figura de primeiro plano nos quadradinhos da sua época: Cuto.
A ecologia, encarada nas suas diversas componentes, constitui um tema incontornável, sendo interpretada segundo a linguagem da BD e assim apresentada aos mais novos, junto dos quais este tipo de mensagens tem um considerável impacto.
A reprodução de mais um folheto, este alusivo à reciclagem e também com origem brasileira, confirma em simultâneo dois factos: um extremo cuidado posto na transmissão de princípios ecológicos e de boas normas sanitárias aos jovens receptores e uma sábia utilização dos quadrinhos (assim, à brasileira, por justa homenagem!) como veículo adequado a tal transmissão.
Como no anterior exemplo, junta-se outra grata imagem de arquivo, da mesma “família”: a reprodução de uma página devida à arte de Milton Caniff e protagonizada pelo seu “herói” Steve Canyon, encomenda do Metropolitano de Nova Iorque para combater a poluição produzida pelos passageiros, reinante nas suas carruagens. Estávamos em 1955...
Porém, igualmente com assinatura brasileira, fica aqui patente um oportuno modelo que devia envergonhar a imensa maioria dos nossos políticos: um folheto de propaganda eleitoral de Jorge Elias, um candidato a vereador duma Prefeitura. Aí, ficam uma série de esclarecimentos, advertências, promessas, até mesmo sugestões e conselhos práticos dirigidos aos eleitores.
Infelizmente, por óbvias razões, não é possível juntar-lhe qualquer imagem nacional de arquivo. Lamenta-se o vazio...
Como conclusão deste “capítulo” onde dominou a divulgação de serviços cívicos e um exemplar de propaganda políica deveras “interessante”, resta a divulgação de uma espécie de variado menu, com alusões a cinema, educação, ecologia, poder local, luta contra a tortura ou a droga, etc., onde a aliança entre a BD e a comunicação pública de conteúdos simples ou complexos se torna realidade prática e acessível a uma imensa diversidade de receptores. Em todas as latitudes, em todas as épocas, sob todos os pretextos, segundo todos os estilos e com destinatários universais, a banda desenhada serve na perfeição todo e qualquer objectivo de comunicação.
António Martinó de Azevedo Coutinho
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