\ A VOZ PORTALEGRENSE: Mário Silva Freire

quinta-feira, janeiro 27, 2011

Mário Silva Freire

CRÓNICAS DE EDUCAÇÃO – XXXIII

A formação emocional dos alunos

Na última crónica tratou-se da formação emocional dos professores. Mas são os alunos os sujeitos fundamentais da escola e é para eles que os professores trabalham e fazem a sua formação profissional. E esta, como então foi referido, incluiria uma componente de formação emocional.
Que preparação deveriam ter, então, os alunos para que pudessem enfrentar melhor as múltiplas frustrações que a vida lhes traz e conseguirem ser elementos mais felizes e úteis para a sociedade?
Um dos aspectos a ter em atenção deveria ser o da valorização das suas próprias experiências de emoções positivas. Valorizar o que proporciona a felicidade a alguém é, também, partilhar dessa mesma felicidade e isso implica um sentimento de solidariedade.
No Colégio de S. Francisco Xavier, em Ponta Delgada, está a ser levado a cabo um Projecto de educação afectivo-sexual desde o ano lectivo 2008-2009 até ao final do corrente ano lectivo. Dele retiro um conjunto de requisitos, em contexto de sala de aula, que se consideram indispensáveis para que a alfabetização emocional possa ter lugar. Assim, ela passaria por:
- criar um clima afectuoso, onde a criança sente que é aceite, sem ser criticada;
- não utilizar as emoções para ridicularizar ou humilhar a criança;
- respeitar o facto de a criança não querer falar sobre o que pensa e o que sente;
- proteger a criança da ridicularização por parte da turma quando ela está com algum problema e abordá-lo em privado;
- perceber que diferentes pessoas têm diferentes emoções e diferentes ritmos;
- eliminar a tendência de corrigir as emoções da criança;
- perceber que a consciencialização, diferenciação, expressão e gestão emocionais não são um resultado mas sim um processo.
O professor tem, pois, um papel fundamental nas vivências da criança. Ele pode incentivar o aluno, quer a envolver-se nas actividades de forma a sentir emoções positivas, quer a ajudá-lo a lidar com as emoções negativas que determinadas experiências lhe provocaram. Neste último caso, há que ajudar a criança a definir o que sente, sem tentar adivinhar ou dizer-lhe o que deveria sentir. Além disso, há que relativizar-lhe a situação, estabelecendo limites, definir objectivos e estratégias, em conjunto com a criança e, eventualmente com a família, para a resolução da situação.
As emoções são parte integrante da nossa personalidade. Já é altura da escola, a par da preocupação que tem com a inteligência e o conhecimento dos alunos, de lhes reservar uma parte do seu tempo. Para bem do aluno e da sociedade!
Mário Freire