Mário Silva Freire
CRÓNICAS DE EDUCAÇÃO – XXIX
A vigília dos adolescentes
Há dias, um adolescente de 13 anos dizia-me, com a maior das naturalidades, que tinha estado toda a noite a ver televisão e que só se tinha deitado quando o sol estava a nascer! Este tipo de situações que, por motivos fúteis, impedem o dormir, está mais generalizado do que poderia pensar-se. Não deve, pois, deixar de merecer a atenção dos educadores e, muito em especial, dos pais, os motivos que estão subjacentes nos adolescentes para eles privarem o organismo de dormir durante a noite.
Quatro principais causas existem para, deliberadamente, na adolescência, se privar de um sono que é essencial no desenvolvimento físico e psicológico. Uma delas já foi invocada: ver televisão pela madrugada dentro. Ter a televisão no quarto é um convite a vê-la até à hora de dormir. Ela, no entanto, excita e, de tal maneira pode prender a atenção, que o adolescente é levado a esquecer-se do tempo e de tudo o que o rodeia.
Jogar no computador é outro modo que os adolescentes encontram para passar partes da noite em claro. Os jogos foram construídos para captar o interesse e solicitar a participação activa nas situações lúdicas. Ainda, utilizando o computador, existe a conversa com os amigos no Messenger, no Facebook, no Hi5…, que fazem correr velozmente o tempo...
Depois, há os sms, aquelas mensagens hieroglíficas através do telemóvel que são escritas com rapidez estonteante! Aqui se trocam opiniões e se dizem os pequenos nadas que fazem o tudo de muitos adolescentes.
E, entretanto, começam as saídas à noite, por vezes, até de manhã…
Para além de privarem de um sono reparador, todas estas modalidades de consumir o tempo podem veicular mensagens totalmente inapropriadas às idades daqueles que as recebem.
Qual o papel dos educadores perante estas situações que, quotidianamente, se lhes apresentam? Sem haver receitas uniformes, há que referir que o diálogo é um meio importante de esclarecimento, de mostrar aos adolescentes dos prós e dos contras de muitos dos seus comportamentos. Mas há, também, com serenidade mas firmeza, de estabelecer limites e restrições ao uso dos aparelhos. Enfim, e acima de tudo, há que ter uma vigilância discreta mas permanente, para que não tenhamos que ver pais desesperados, nos telejornais, pelo desaparecimento dos seus filhos adolescentes os quais mantinham contactos não se sabe com quem nem sobre o quê!
Mário Freire
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