\ A VOZ PORTALEGRENSE: Mário Silva Freire

quinta-feira, dezembro 23, 2010

Mário Silva Freire

CRÓNICAS DE EDUCAÇÃO – XXVIII

O PISA ainda continua a pesar!

Foram anunciados no início de Dezembro deste ano os resultados decorrentes da avaliação dos alunos com 15 anos de idade, tendo em consideração a sua preparação para enfrentar os desafios do futuro. Esta avaliação é feita pelo PISA que é um programa que agrega os 33 países da OCDE e mais 32 outros países de várias partes do mundo.
Esta avaliação incide em dimensões que têm a ver com o que os jovens sabem, valorizam e são capazes de fazer em contextos pessoais, sociais e globais, mas que são diferentes das que se baseiam exclusivamente nos curricula oficiais.
Em Portugal, a amostra, de carácter aleatório, teve a dimensão de 6.298 alunos, dos 7º ao 11º anos de escolaridade, envolvendo 212 escolas, 28 das quais do ensino privado. Na pesquisa efectuada não foi possível recolher dados sobre a identificação das escolas envolvidas nem, tão pouco, sobre a sua localização.
Relativamente à competência da leitura, avaliou-se a compreensão, o uso e a reflexão a partir de textos escritos, sem se pretender saber do conhecimento explícito da língua, das características gramaticais, do vocabulário ou de outros aspectos incorporados no ensino de uma língua materna. A posição de Portugal neste item foi a de 21ª, entre os 33 países da OCDE, tendo ultrapassado a Espanha, Itália e Grécia.
Na competência da matemática pretendeu-se avaliar a capacidade dos jovens para identificar e compreender o papel que a matemática desempenha no mundo real, de fazer julgamentos fundamentados e de usar e se envolver na resolução matemática de problemas da sua vida. Portugal, entre os 33 países da OCDE, situou-se em 26º lugar, ultrapassando, igualmente, a Espanha, Itália e a Grécia.
Quanto às competências científicas, a sua avaliação pretendia dar uma informação sobre o conhecimento, a compreensão e as atitudes que os alunos revelam quanto ao modo como a ciência e a tecnologia explicam e influenciam os ambientes material, intelectual e cultural das sociedades. A posição de Portugal foi de 24ª, ficando, igualmente, à frente da Espanha, Itália e Grécia.
Repare-se que nenhuma destas medidas avaliou directamente os desempenhos escolares. A tal verificar-se, talvez o discurso oficial não tivesse sido tão optimista. Por outro lado, as posições de 21ª, 24ª e 26ª nos três itens estudados, entre os 33 países da OCDE, não podem considerar-se, com rigor, um grande êxito. Salvo se nos compararmos com os nossos companheiros de infortúnio financeiro do sul da Europa e com as penúltimas e antepenúltimas posições que ocupávamos em 2000. Ora, o mal dos outros não nos vem salvar. O que nos pode fazer sair desta ilusão (mesmo abaixo da média, já nos consideramos bons!) é, compararmo-nos com os melhores, tomarmos consciência de que têm que haver objectivos bem definidos para a educação, delinear estratégias claras para os alcançar e, depois, dar-lhes execução, com o rigor e o empenhamento que os grandes desígnios merecem.
Mário Freire