Mário Silva Freire
CRÓNICAS DE EDUCAÇÃO - XXIII
O professor do século XXI
Entre 8 e 12 dos mês passado, esteve reunido no Bahrein um Fórum sobre educação para discutir a formação de professores do século XXI. Estiveram presentes 600 personalidades vindas de 48 países. Não sei se Portugal foi país participante.
Trata-se de um tema desafiante pois ele tem a ver com o desenvolvimento, e de saber como fazer para que a escola se possa tornar atractiva à geração Net. Foi dito na referida reunião pelos melhores especialistas americanos, australianos, britânicos e indianos que é sobre as formações inicial e permanente de 60 milhões de professores que trabalham em todo o mundo que se joga o nosso futuro. Ora, o que se assiste é um progressivo afastamento nos países desenvolvidos, Portugal incluído, entre a escola que temos e aqueles a quem ela se dirige.
Há que transformar a escola que funciona sobre modelos antigos. Claro que não é pondo na sala de aula computadores em frente de crianças de 6, 7, 8 e 9 anos, e utilizando modelos pedagógicos convencionais, que essa escola irá transformar-se. Nessas idades as crianças têm que ir, progressivamente, adquirindo as características lógicas do pensamento, utilizando mais os objectos tangíveis do que as ideias abstractas; exercitar a memória, desenvolver a coordenação motora fina, ganhar automatismos, adquirir competências nos domínios da organização, do trabalho, do planeamento, da higiene, da segurança. E tudo isso se faz melhor, nessas idades, sem o computador na frente.
Para o responsável das avaliações internacionais da OCDE (Andreas Schleicher), os países que hoje obtêm os melhores níveis nos testes, na comparação que é feita entre os alunos, são aqueles que abriram as aulas e transformaram o trabalho do professor, a partir de uma prática solitária, num trabalho em equipa.
Por outro lado, a escola de hoje não pode ser aquele momento de excepção em que os adolescentes se encontram a executar tarefas individualmente e de costas uns para os outros. A eles têm que lhes ser dadas oportunidades de trabalho em equipa, onde possam interagir, tendo em vista a consecução de determinado objectivo pedagógico. Além disso, as escolas têm que reflectir as mudanças tecnológicas que se deram na sociedade e nas vidas de cada um. Mas, para isso, os adolescentes têm que ter na sala de aula a possibilidade de continuar, à semelhança do que fazem em casa, ligados à Net e executar informaticamente as múltiplas tarefas que lhes são propostas nas várias disciplinas.
Pretende-se que haja um sentimento de urgência, tendo em vista ajudar o professor a mudar de estatuto, isto é, que, com um trabalho em rede com os seus colegas, acompanhe os alunos na procura do conhecimento – o prof-coach, sem que isto signifique transigir com os saberes. Enfim, segundo o director do Instituto Nacional de Educação de Singapura, “é uma nova cultura que fará emergir a escola de amanhã, o aluno de amanhã, em sintonia com as aprendizagens escolares e o professor de amanhã, mais felizes.”
Mário Freire
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