Carlos Manuel Faísca
Biblioteconomia III
Política de conservação uma colecção fotográfica
A palavra-chave de qualquer política eficaz de conservação é a preservação, isto é, garantir as condições ambientais correctas, a forma de utilização menos nociva e um acondicionamento apropriado. Uma preservação eficaz permite prolongar exponencialmente o tempo de vida útil dos materiais, com um custo significativamente mais baixo do que qualquer futura opção de restauro. No caso da fotografia, a preservação ganha uma importância ainda maior, pois, tratando-se essencialmente de um processo químico, o processo de deterioração pode ocorrer mais rapidamente, situação que obriga todos os responsáveis por colecções fotográficas a uma atitude pró-activa constante. Esta questão revela-se mais complexa quando se toma consciência que, ao longo da História da Fotografia, se utilizaram os mais diversos materiais e técnicas na produção de registos fotográficos, o que origina, necessariamente, diferentes posturas e desiguais acções para garantir a sua eficaz conservação. A própria existência de fotografias a cor e a preto e branco, pressupõe algumas preocupações diferentes ao nível das condições ambientais, como é o caso da temperatura, a qual, no caso da fotografia a cor, deverá ser significativamente mais baixa que no caso das provas a preto e branco. Todos estes aspectos justificam plenamente a adopção de postura preventiva, atenta, e uma rápida actuação quando tal é necessário.
Assim, quando o melhor caminho a seguir é a velha máxima do “mais vale prevenir do que remediar”, o acondicionamento e o apropriado manuseamento das colecções fotográficas ganham extrema importância. As instituições que possuem estas colecções terão então que dispor das condições ambientais correctas, sobretudo em termos de temperatura, como referimos já, a qual deverá rondar os 18 a 20ºC e, se possível, no caso das fotografias a cor abaixo dos 2ºC, com uma humidade relativa que varie entre os 30 e 40%. Em ambos os casos é crucial que não ocorram súbitas alterações das condições ambientais. Para ilustrar a importância destes 2 factores, basta referir que uma descida de temperatura na ordem dos 5º C duplica o tempo de vida útil de uma fotografia a cor, e que, a 24ºC, existem espécimes que ao fim de apenas 8 anos começam a sofrer uma grave deterioração. Sabendo que, em Portugal, no Verão, as temperaturas máximas facilmente excedem os 30º C, os profissionais responsáveis pela gestão de colecções fotográficas não podem nunca descurar este aspecto. De referir, porém, que na grande maioria dos casos estes profissionais não têm as necessárias competências de conservadores especialistas em fotografia, o que, obviamente, tem os seus impactos ao nível das escolhas e opções que são tomadas.
No que diz respeito ao sistema de armazenamento, todas as espécies devem possuir uma embalagem individual, neutra ou alcalina, e devem estar guardadas numa pasta ou álbum. O espaço que funcionará como depósito deve também obedecer a alguns princípios mínimos, como por exemplo, evitar que o mesmo se situe em locais húmidos e/ou em que a luz incida com particular intensidade, deve estar afastado de qualquer fonte de possível inundação, como canalizações ou a rede de saneamento básico, e não deve ser utilizado o mesmo espaço para outras finalidades que não as exclusivamente relacionadas com o arquivo, impedindo-se assim uma excessiva circulação humana no local.
Quanto ao manuseamento, tendencialmente deverá ser orientado, de forma a assegurar o mínimo possível de deterioração provocada por acção humana, procurando-se afastar as fotografias de líquidos, comida, fumo e poluição, evitando-se exposições demasiado prolongadas e/ou demasiado intensas à luz, e incentivando o utilizador, aquando da consulta, a utilizar luvas.
Carlos Manuel Faísca
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