Luís Pargana
Arte e Cultura na “Igreja mais bonita do Mundo”
Integrar as linguagens culturais contemporâneas nos monumentos nacionais é estratégia privilegiada para a preservação da nossa memória colectiva, refuncionalizando o nosso património de acordo com as exigências dos tempos actuais.
É o caso do Mosteiro de Santa Maria de Flor da Rosa, no concelho do Crato, fundado em 1356 pela Ordem Soberana e Militar de Malta que manteve o Mosteiro até à extinção das ordens religiosas em Portugal, em 1834.
Neste Mosteiro terá, supostamente, nascido D. Nuno Álvares Pereira, o Santo Condestável, e foi recuperado no início da década de 90 por um dos mais prestigiados arquitectos portugueses, o portalegrense João Luís Carrilho da Graça, para albergar uma Pousada de Portugal de referência, inaugurada em 1995.
Recentemente, a Direcção Regional de Cultura do Alentejo realizou obras de recuperação dos espaços que não estavam acessíveis ao público, como eram os casos da igreja gótica e respectiva sacristia, coro alto e torre sineira, bem como os claustros e os antigos lugares regulares do Mosteiro.
Carrilho da Graça foi o arquitecto responsável pelo projecto de arquitectura que permitiu a instalação de uma exposição interpretativa do monumento, áreas de acolhimento a visitantes (incluindo o Posto de Turismo Municipal, com bilheteira e loja), área pedagógica e um núcleo museológico que apresenta uma exposição de esculturas em pedra, dos séculos XV a XVII, de temática Mariana e ali colocadas em regime de depósito permanente pelo Museu Nacional de Arte Antiga.
Esta recuperação permitiu criar condições para a realização de exposições temporárias e de outros eventos de carácter cultural que são desenvolvidos em estreita colaboração entre a Câmara Municipal do Crato e a Direcção Regional de Cultura do Alentejo, a partir de protocolo estabelecido que regula a gestão partilhada, por parte das duas instituições.
É neste âmbito que a igreja do Mosteiro, que alguém disse ser “a igreja mais bonita do mundo”, acolhe a exposição “Objectos e Pintura” de Rinoceronte, pseudónimo de Renato Cruz, e que poderá ser visitada até 31 de Julho de 2010.
Corria o ano de 1969 quando Renato Cruz se encontrou com Rinoceronte, por necessidade de tornar anónimo o dossiê da sua candidatura à Escola Superior de Artes de Paris. Procurava o anonimato e encontrou uma identidade que nunca mais o abandonou e lhe permitiu sublinhar a crítica mordaz patente na sua obra, bem como a cultura plástica, social, histórica e literária que a percorre.
Imperdível, até 31 de Julho, na Igreja mais bonita do Mundo!
Luís Pargana
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