É preciso sacudir as consciências adormecidas II
COMISSÃO JUSTIÇA E PAZ
Diocese de Portalegre e Castelo Branco
Um outro actuar dos educadores
A paz constrói-se dia a dia na busca da ordem querida por Deus e pode florescer somente quando todos reconhecem as próprias responsabilidades na sua promoção (Compêndio da Doutrina Social da Igreja, nº495).
Desde o início do ano de 2008 que a Comissão Diocesana de Justiça e Paz se empenhou em reunir e reflectir com os agentes educativos o tema da violência escolar, particularmente na cidade de Portalegre. Para esse efeito, tiveram lugar encontros com os Conselhos Executivos das escolas, os pais e a comunicação social. Realizaram-se, ainda, duas conferências para professores e pais, no Centro de Congressos da Câmara Municipal de Portalegre, assim como foi entregue aos Conselhos Executivos um CD sobre situações de violência escolar, retiradas da Internet, que podem suscitar uma reflexão interna sobre esta temática. De realçar, ainda, o papel que desempenhou, em todas estas intervenções, o Centro de Formação de Professores do Nordeste Alentejano (Cefopna).
Das várias ilações possíveis de retirar, em todas estas iniciativas, esta Comissão destacaria duas delas:
Uma, a de que nem sempre os educadores, sejam eles os pais ou os professores, valorizam suficientemente os bons actos dos filhos e dos alunos; antes, pelo contrário, esses actos são, frequentemente, esquecidos e os educandos, a maior parte das vezes, são mais confrontados com os seus insucessos ou com as suas más práticas. Ora, valorizar o que é bem feito, mesmo que pouco, pode induzir outros comportamentos similares; por outro lado, confrontar frequentemente com o insucesso, gera revolta, faz diminuir a estima por si mesmo, retira auto-confiança, e conduz a novos comportamentos de insucesso.
Outra ilação a retirar tem a ver com a participação dos educandos, seja ela na família ou na escola. É facto verificável que, quanto maior for o envolvimento de alguém no estabelecimento de uma regra, mais facilmente essa pessoa tentará respeitá-la. Quantos conflitos poderiam ser evitados e melhores resultados se poderiam alcançar se os pais tentassem acordar normas com os seus filhos adolescentes sobre temas tão triviais como o de saírem à noite ou o modo como gerem o fim-de-semana!
Por outro lado, no início do ano lectivo, poderiam estabelecer-se regras, com as contribuições dos alunos e dos professores, a nível de turma, de modo a diminuir a indisciplina na sala de aula. E essas regras deveriam conter os comportamentos inaceitáveis e as respectivas sanções. Igualmente, essa discussão poderia ser feita, de acordo com as idades e a escolaridade dos alunos e o âmbito das medidas a estabelecer, entre diferentes órgãos da escola e os representantes dos alunos e das famílias.
O bom senso, a paciência e a sabedoria poderiam, enfim, contribuir para se ter um ambiente familiar e escolar menos violento. Afinal, para se alcançarem grandes resultados nem sempre são precisos grandes meios!
Portalegre, 6 de Junho de 2008
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