\ A VOZ PORTALEGRENSE: Luís Filipe Meira

domingo, janeiro 10, 2010

Luís Filipe Meira

A PAR E PASSO
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O Sporting de Braga lidera a Liga Sagres em futebol e é o ‘campeão de inverno’, tendo no entanto os mesmos pontos que o Sport Lisboa e Benfica. É justo! Sem dúvida, foram estas duas equipas que apresentaram melhor futebol ao longo da primeira volta.
O Sporting de Braga, que começou a época aos soluços – foi eliminado prematuramente da Liga Europa –, tem vindo a consolidar o seu futebol e as suas exibições, e hoje já não pode ser visto como um mero outsider. O clube de Braga é assumidamente um candidato ao título, e se Benfica e FCP não o perceberem, podem vir a sofrer alguns amargos de boca no final da campanha.
O Sport Lisboa e Benfica Benfica, que venceu sábado à noite em Vila do Conde o Rio Ave por uma bola a zero, já não é o ‘rolo compressor’ do princípio de época. O Benfica já não empurra os adversários para a sua área, preenchendo os espaços e em pressão contínua obrigando os adversários a ficar em stress e a cometer faltas, que tantos golos originaram nos primeiros jogos. O jogo de Vila do Conde, ganho justamente, mostrou-nos um Benfica empenhado, que trabalha muito e que sabe sofrer e lutar. São indiscutivelmente ‘predicados’ positivos, mas que me parecem insuficientes para uma equipa que criou tanta expectativa no princípio da época.
A equipa neste regresso pós-Natal apresenta vários jogadores importantes fora de forma. Cardozo, Javi Garcia e Ramires (que esteve lesionado) são os casos mais notórios. Di Maria continua na sua habitual intermitência e Aimar é um caso bicudo, pois a equipa necessita de um Aimar a tempo inteiro e não a espaços. Preocupante a forma como a equipa aborda os jogos, começa a ser recorrente o treinador Jorge Jesus dizer no final que mereceu a vitória por aquilo que a equipa fez na segunda parte…
Porém, mais que preocupante é a indisciplina dentro de campo por parte de jogadores fundamentais. Aquando do jogo em Braga, referi neste espaço a minha preocupação por a equipa ter uma ‘cultura sul-americana da disciplina’. Entretanto nada mudou, e a situação tem-se mesmo vindo a agravar, e para tal veja-se o jogo com o Olhanense e o recente encontro na Luz com o Nacional. Luisão, David Luiz, Javi Garcia, e mesmo Di Maria, são referências demasiado importantes, logo não podem ser tão indisciplinados. Alguém tem que estar atento, e por favor não me venham falar nos critérios dos árbitros, pois o Benfica até ao momento não se pode queixar, até terá sido beneficiado por várias vezes. No ‘deve & haver’, o Sport Lisboa e Benfica tem esta época, no capítulo das arbitragens, ‘saldo’ a seu favor.
O Benfica tem todas as condições para ser campeão e simultaneamente jogar bom futebol, o que de momento não me parece estar a fazer. A vitória no campeonato é de importância extrema, sendo mesmo vital um lugar na Liga dos Campeões, pois o Benfica vai na terceira época consecutiva a gastar mais de 25 milhões de euros em aquisições, sem quaisquer resultados práticos. Nesta reabertura de mercado chegaram mais três jogadores, não para entrarem no imediato na equipa, mas, ao que se diz, já a pensar no futuro, pois o Benfica terá que vender jogadores no final da época. Salvo melhor opinião, oito milhões e meio de euros parece-me muito dinheiro para um clube, em falência técnica, investir no médio prazo. Aguardemos, pois…

Passaram vinte e cinco anos sobre o falecimento de José Maria Pedroto, jogador e treinador de ‘méritos cantados’. O ‘rei’ da táctica, o inventor do losango, o responsável pelo fim dos complexos de provincianismo que os portistas eram atacados ao passarem a ponte D. Luís.
O Sr. Jorge Nuno Pinto da Costa – reputado diseur de José Régio e presidente do FCP – recordou o saudoso companheiro citando a expressão O Roubo da Igreja como um dos momentos mais eloquentes do saudoso mestre. Ao que parece, esta memorável e feliz expressão foi dita pelo saudoso ‘Zé do Boné’ aquando dum SL Benfica – FCPorto em que os tripeiros foram alegadamente prejudicados.
Lapidar como um mestre da palavra como o Sr. Jorge Nuno evoca tão importante personalidade, num momento tão impressivo com é a passagem de um quarto de século sobre a morte de alguém que, entre muitas outras coisas, também parece que era mestre do estudo do comportamento humano.
Luís Filipe Meira