\ A VOZ PORTALEGRENSE: Luís Filipe Meira

quinta-feira, outubro 08, 2009

Luís Filipe Meira

Notas Soltas
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Não poderei dizer que o Padre Patrão era um amigo próximo, nem sei se seria um amigo, pois há anos que não conversávamos. Ainda assim, o respeito e admiração que tinha e tenho por ele, obrigam-me a prestar-lhe aqui uma última homenagem, pois não o pude fazer no local adequado.
Não fui propriamente seu discípulo, mas aprendi a respeitar o seu espírito livre. Recordo como se fosse hoje, quando em 1972 levou para a aula de Religião e Moral uma canção proibida pela censura. Hoje há por aí muitos democratas que não seriam capazes de levar para uma aula uma canção que não seja politicamente correcta, não fosse o acto ofender algum superior hierárquico…
Por isso e por muito mais, quero enviar-lhe, onde quer que esteja – certamente estará entre os melhores – um abraço de admiração e respeito.
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Não estava nos meus planos imiscuir-me publicamente na campanha para as Autárquicas, até porque a poucos dias do acto ainda não sei onde vou pousar o meu voto. Mas hoje fiquei preocupado ao ler o boletim Virar de Página, repositório das linhas de força do candidato socialista José Escarameia, pessoa que conheço razoavelmente há muitos anos e sobre o qual não tenho quaisquer dúvidas que daria um bom presidente.
Pois no tal Virar de Página, assume-se a forte ambição de colocar Portalegre no mapa cultural nacional (?), e entre outras coisas promete-se uma intervenção de fundo no modelo de gestão e programação do CAEP.
Ora bem, desde que Luís Pargana foi vereador da cultura que Portalegre entrou no mapa cultural nacional (seja lá o que isso for), e na altura não havia CAEP. Com a gestão de José Polainas e Joaquim Ribeiro, e com a ‘abertura’ do CAEP, as coisas só podiam melhorar, e isso aconteceu. Poderia ter sido melhor? Claro que sim. Poderia ter sido diferente? Tenho algumas dúvidas.
A CULTURA é um parente pobre da coisa pública, e a esmagadora maioria dos políticos tem pouca apetência para a causa cultural, pois dá poucos votos. Por isso digo que esta postura dos candidatos socialistas é perigosa. Um Centro de Artes não é o Cabaret da Coxa. Veja-se a programação do Centro Cultural de Belém ou da Casa da Música no Porto, o CAEP não pode ser o Coliseu Rondão de Almeida…
Hoje em dia o Turismo do interior sem uma aposta cultural séria, moderna e elitista aqui e ali, não se desenvolve. Será que os seguidores de Tony Carreira & Cª irão encher o Museu das Tapeçarias?
As Festas de Gastronomia e Artesanato que por aí pululam são um nado morto. As excepções chamam-se Crato (porque será?) e Nisa, se bem que em dimensão diferente.
A lista do PS é globalmente bastante boa, e eu não teria problemas em lhe dar o meu voto, apesar de ser pontuada estrategicamente por gente do chamado aparelho. Mas aquela meia dúzia de linhas sobre a intervenção cultural assustaram-me sinceramente. Já há algum tempo, julgo que no jornal Alto Alentejo, alertei para o facto de ser perigoso usar o CAEP como arma de arremesso
A terminar, apenas quero referir que é minha convicção que ninguém vai votar em José Escarameia pela promessa de intervenção na gestão e programação do CAEP, promessa que por outro lado pode desviar votos para Hugo Capote, pois reconheço que a lista de Mata Cáceres também é pobre nesta vertente.
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Era minha intenção abordar as descabeladas intervenções do Dr. José Eduardo Bettencourt, a propósito do Benfica Stars Fund. Preocupava-me o facto de um alto quadro do Banco Santander, com licença sem vencimento para poder ser o primeiro presidente remunerado do Sporting Clube de Portugal, vir publicamente pôr em causa um fundo fechado, aprovado pela CMVM e gerido pela ESAF, entidade que gere os fundos do Banco Espírito Santo (credor do Sporting C.P.).
Afinal foi o mercado a responder, e a Ongoing de Nuno Vasconcelos terá subscrito – cito o jornal I e o Jornal de Negócios – quase metade do mesmo fundo (20 milhões de euros).
Para os menos avisados, a Ongoing está no capital da Impresa (SIC, Expresso, Visão) Média Capital (TVI, RCP) e PT (que esta detém 7% do capital da PT e que a PT investiu 75 milhões de euros num fundo gerido pela Oingoing) além de ser proprietária do Diário Económico. Coisa pouca, Dr. Bettencourt?
Terei, pois, que concluir que o Dr. Bettencourt e Paulo Bento ‘confundem-se’ com tranquilidade nas declarações que vão proferindo.
Luís Filipe Meira