\ A VOZ PORTALEGRENSE: Desabafos

sexta-feira, outubro 17, 2008

Desabafos

É caso para se dizer que por uma vez Évora não acabou com uma referência de Portalegre. Referimo-nos à sua qualidade de sede de bispado.
Desde o passado domingo que Portalegre voltou a ter bispo residente. O anterior não resistiu ao “encanto” da sé de Évora, e abalou praticamente como chegou, isto é, um desconhecido que passou por Portalegre e que não deixou nem obra, nem talento, e muito menos saudade.
É verdade que para haver bispo é preciso que haja crentes, clero, e sobretudo Fé. Curiosamente o novo bispo encontrará um clero envelhecido, as igrejas vazias, e quanto a Fé, só Deus o sabe!
A diocese de Portalegre – Castelo Branco é atípica em termos geográficos. Abarca partes de três distritos, Santarém, Portalegre e Castelo Branco. Em cada um deles há vivências religiosas distintas. A religiosidade da Beira Baixa, confronta-se com a pobreza religiosa do Alentejo, enquanto a zona norte do Ribatejo fica-se pela metade. Teria sido preferível aproveitar este tempo de vacatura de bispo, para que este espaço se reorganizasse em termos de bispado.
Assim não aconteceu, e agora o novo bispo pouco pode fazer neste universo de falta de padres e de fiéis. Sem “exército”, muito ou nada pode alterar na diocese. E tanto que há para fazer! A Fé continuará longe dos corações das ovelhas deste rebanho, e o anacrónico de uma vivência religiosa será o quotidiano.
D. Antonino Eugénio Fernandes Dias, antigo bispo auxiliar de Braga, agora bispo de Portalegre – Castelo Branco, tem pela frente uma tarefa digna de Hércules. A sua Fé ajudá-lo-á. Assim também o ajudem o clero e os fiéis que apascenta.
in, Rádio Portalegre, Desabafos, 17/10/08
Mário Casa Nova Martins