\ A VOZ PORTALEGRENSE: Carta ao Vítor

quarta-feira, maio 09, 2007

Carta ao Vítor

Caro Vítor
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Ontem foi dia de festa. E que festa! Ontem era o “nosso dia”, aquele dia que a Memória nunca conseguirá esquecer. Por muitos anos que passem, quem viveu Coimbra como nós vivemos, aquele Tempo será sempre o mais belo das nossas Vidas.
Ontem o dia estava radioso, e a Romagem começou com a Queima do Grelo, no Largo da Sé Nova. Depois a visita aos carros, detendo-nos, claro!, nos da nossa Faculdade, que hoje está dividida em quatro. No nosso tempo era a FEUC, hoje, além de Economia tem Gestão, Relações Internacionais e Sociologia. Tirando o nosso querido Sr. Alcino, do Bedel, que confirmei ainda lá estar, poucos mais do nosso tempo lá continuarão, é que os anos passam a todos.
Quando o Cortejo começou, ficámos entre o 14 de Sociologia, da FEUC, e o 15 de Direito. No nosso tempo não era permitido acompanhar o Cortejo, a não ser junto do carro dos Antigos Alunos. Hoje já não é assim, aliás a Praxe também permite coisas impensáveis no nosso Tempo.
Mas tu sabes que nós “merecemos” ir no Cortejo. Eles, dos Caloiros aos actuais Veteranos, pouco sabem da História do Regresso da Praxe.
Recordei com “saudade” o cruzamento da Alexandre Herculano com a Praça da República, onde “os outros” estavam e Nós avançávamos sem Medo! Nunca Perdemos!
Junto ao Avenida, sitio onde “em câmara lenta” caímos do carro, eu e o Zeca Pintanas…, outra Memória inesquecível!
Depois junto à Bertrand, o fim do Cortejo, o princípio de uma nova etapa, já lá vão tantos anos!...
Muitas ambulâncias, que no nosso Tempo não eram necessárias, e até um “espécime”, que vês na fotografia. Se ele então nos aparecesse… Tu sabes e eu sei o que lhe aconteceria… Ah!, ah!, ah!... Sinais dos tempos.
Caríssimo Vítor, foi a primeira vez que vim à Queima desde que deixei Coimbra. Nós sabemos quanto custa lembrar o nosso Tempo, pela Saudade, mas também pela Camaradagem, Solidariedade e acima de tudo Amizade verdadeira que tínhamos uns pelos outros.
Mas sabes que ontem não podia faltar!
E para terminar esta carta que já vai longa, digo-te que ontem redimi-me… Nem uma bebi! Mas foi só por Respeito a todos Nós, era impossível “voltar e olhar para traz”. Foi uma maneira de dizer que aqueles Anos nunca se repetirão.
Abraço.
Mário

Queima do Grelo
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Cruzamento da Alexandre Herculano com a Praça da República
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Teatro Avenida
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"espécime"