Notícia
Divisões de bloco
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UDP, PSR E Política XXI dissolveram-se no BE mas ainda fazem congressos
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Manuel Agostinho Magalhães
manuel.a.magalhaes@sol.pt
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UM DOCUMENTO crítico sobre o rumo seguido pelo Bloco de Esquerda foi entregue à direcção pela tendência Política XXI, de Miguel Portas, Ana Drago e Daniel Oliveira. Esta tendência interna do BE realizou em Março um congresso, tal como no final do ano o fizeram a UDP e o PSR.
Apesar de a lei dos partidos políticos ter forçado a extinção das forças que fundaram o BE em 1999, os congressos das agora associações políticas provam que as várias sensibilidades internas não se dissolveram. E mais: estão dispostas a influenciar o congresso do BE - a convenção nacional, na terminologia bloquista – marcado para Junho.
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O perigo do BE ser uma 'caricatura' de si
Embora não sejam secretos, PSR, UDP e Política XXI não querem publicitar para fora do partido os resultados dos seus congressos. O SOL teve, no entanto, acesso a dois dos documentos produzidos.
A Política XXI - que agora se chama Associação Fórum Manifesto e reuniu em Março mais de cem pessoas no Hotel Mundial, em Lisboa - é a tendência mais crítica. «Passou o tempo em que o Bloco constituiu a grande novidade da política portuguesa», avisa no extenso documento político de 17 páginas. A recessão económica obrigou o BE a concentrar-se «nos temas duros da crise social», mas «não se acertou sempre»: há que «reequilibrar e recalibrar» o BE, que não pode «esquecer as suas origens». A perda de memória pode levar a «radicalidade» inicial a ser substituída pelo «doutrinarismo e pela auto-suficiência». Esta tendência, com origem em dissidentes do PCP - e é tida como a moderada dentro do BE - teme o enquistamento ideológico. E quer que o Bloco não exclua vir a fazer parte do Governo. O PCP é visto como o adversário no campo sindical e na dinâmica dos movimentos sociais. Uma agenda «independente do PCP» é o caminho apontado para reforçar a ligação a estes movimentos.
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PSR e o 'problema do poder'
O PSR também afirma que «à esquerda socialista não recusa colocar-se o problema do poder».
Nas teses políticas para o congresso dos trotskistas, fez-se porém questão de reafirmar a ideologia, «marxista e revolucionária» do partido de origem de Louçã e de Jorge Costa, o director de comunicação do BE.
No futuro, a agora Associação PSR quer que o BE «seja mais interveniente na produção de informação», muito além das «estruturas actuais».
Segunda-feira, será possível ver a influência que PSR e Política XXI (e também a UDP) tiveram nas teses para convenção do BE. O partido apresenta publicamente o texto que tem vindo a ser articulado pela direcção.
Na semana passada, foi a oposição interna à direcção de Louçã a divulgar um documento para «uma alternativa». Gil Garcia é um dos subscritores texto que pretende que o BE «vá além da crítica do sistema vigente» e assuma uma «ruptura revolucionária, maioritária e democrática».
UDP, PSR E Política XXI dissolveram-se no BE mas ainda fazem congressos
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Manuel Agostinho Magalhães
manuel.a.magalhaes@sol.pt
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UM DOCUMENTO crítico sobre o rumo seguido pelo Bloco de Esquerda foi entregue à direcção pela tendência Política XXI, de Miguel Portas, Ana Drago e Daniel Oliveira. Esta tendência interna do BE realizou em Março um congresso, tal como no final do ano o fizeram a UDP e o PSR.
Apesar de a lei dos partidos políticos ter forçado a extinção das forças que fundaram o BE em 1999, os congressos das agora associações políticas provam que as várias sensibilidades internas não se dissolveram. E mais: estão dispostas a influenciar o congresso do BE - a convenção nacional, na terminologia bloquista – marcado para Junho.
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O perigo do BE ser uma 'caricatura' de si
Embora não sejam secretos, PSR, UDP e Política XXI não querem publicitar para fora do partido os resultados dos seus congressos. O SOL teve, no entanto, acesso a dois dos documentos produzidos.
A Política XXI - que agora se chama Associação Fórum Manifesto e reuniu em Março mais de cem pessoas no Hotel Mundial, em Lisboa - é a tendência mais crítica. «Passou o tempo em que o Bloco constituiu a grande novidade da política portuguesa», avisa no extenso documento político de 17 páginas. A recessão económica obrigou o BE a concentrar-se «nos temas duros da crise social», mas «não se acertou sempre»: há que «reequilibrar e recalibrar» o BE, que não pode «esquecer as suas origens». A perda de memória pode levar a «radicalidade» inicial a ser substituída pelo «doutrinarismo e pela auto-suficiência». Esta tendência, com origem em dissidentes do PCP - e é tida como a moderada dentro do BE - teme o enquistamento ideológico. E quer que o Bloco não exclua vir a fazer parte do Governo. O PCP é visto como o adversário no campo sindical e na dinâmica dos movimentos sociais. Uma agenda «independente do PCP» é o caminho apontado para reforçar a ligação a estes movimentos.
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PSR e o 'problema do poder'
O PSR também afirma que «à esquerda socialista não recusa colocar-se o problema do poder».
Nas teses políticas para o congresso dos trotskistas, fez-se porém questão de reafirmar a ideologia, «marxista e revolucionária» do partido de origem de Louçã e de Jorge Costa, o director de comunicação do BE.
No futuro, a agora Associação PSR quer que o BE «seja mais interveniente na produção de informação», muito além das «estruturas actuais».
Segunda-feira, será possível ver a influência que PSR e Política XXI (e também a UDP) tiveram nas teses para convenção do BE. O partido apresenta publicamente o texto que tem vindo a ser articulado pela direcção.
Na semana passada, foi a oposição interna à direcção de Louçã a divulgar um documento para «uma alternativa». Gil Garcia é um dos subscritores texto que pretende que o BE «vá além da crítica do sistema vigente» e assuma uma «ruptura revolucionária, maioritária e democrática».
in, SOL – POLÍTICA & SOCIEDADE – p.10
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