Mário Silva Freire - "Crónicas de Educação" III
A educação é um tema abrangente que toca em vários sujeitos de todas as idades. Com o desenvolvimento científico e tecnológico a que se assiste; com o aumento acentuado da esperança de vida; com o envelhecimento progressivo da população; com a digitalização a actuar em todos os domínios do nosso quotidiano; com a modificação da estrutura familiar tradicional e as consequentes alterações que ela confere aos diferentes domínios da nossa existência, enfim, com todas as modificações que estamos a viver neste dealbar da segunda década do século XXI, é natural que todos aqueles modelos educacionais que figuraram durante muitos anos passem a ser questionados.
Apesar destas transformações societais a que estamos
assistindo, pilares há, inerentes à própria condição do ser-se humano, que não
se transmudam. Por outro lado, a polivalência do acto educacional, tocando os
vários aspectos da personalidade, tem incidido, fundamentalmente, na infância,
adolescência e juventude. No entanto, nesta sociedade do conhecimento, implica
que, em qualquer idade, as pessoas tenham que lidar com novas ferramentas de aprendizagem.
É-se, por isso, em simultaneidade, cada vez mais, aprendiz e professor.
O debate sobre a retenção escolar, consequência directa do
insucesso na escola é um problema que há muito atinge o nosso País. Este
problema, por demasiado complexo, não depende exclusivamente de uma única
variável. Pelo contrário: há uma multiplicidade de factores (de índole
política, de gestão escolar, de estratégias pedagógicas, de administração da
disciplina na sala de aula, de natureza social e familiar…) que se interligam e
que, simultaneamente, funcionam como causa e consequência daquele grande
problema.
Os textos apresentados, directa e indirectamente, tentaram
dar-lhe uma proposta de resposta. Eles centraram-se, fundamentalmente, nas
micro e médias estruturas sociais, 149 como a família, o professor e a escola.
Mas é a superestrutura Estado que, em grande medida, as condiciona.
Verificou-se, através destas crónicas que, para além do
currículo expresso, traduzido nos programas das diferentes disciplinas ou de
projectos interdisciplinares de iniciativa da escola, e das estratégias levadas
a cabo para que os alunos aprendam, existe um outro currículo, menos visível
mas não menos importante: o currículo oculto. Este tem a ver com as influências
que afectam a aprendizagem dos alunos diariamente, a partir das várias
práticas, atitudes, comportamentos, gestos e percepções que vigoram no meio
social e escolar. Este tipo de currículo exerce, assim, uma influência não
consciente, mas eficaz na formação e manifesta-se em comportamentos dentro da
escola e da sala de aula, assim como na vida social dos alunos. Ele conduz à
aprendizagem dos valores, proporciona a criatividade, desvenda o belo naquilo
que se aprende…, enfim, contribui significativamente para aquilo que somos.
Falar de Educação é abordar um mundo em que todos estão implicados, mesmo aqueles que disso não se apercebem. É para esse mundo novo que se ambiciona, a construção de uma sociedade com menos desigualdades e mais saber, que a educação deve trabalhar.
O Autor
Dados biográficos
Mário Silva Freire nasceu em Monforte da Beira, Castelo Branco, em Agosto de 1937. É professor coordenador, aposentado, do Ensino Superior Politécnico. Licenciado em Ciências Geológicas pela Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, fez o Curso de Ciências Pedagógicas (Universidade de Coimbra), Estágio e Exame de Estado no ex-liceu D. João III, em Coimbra. Possui o Curso de Peritos Orientadores do Instituto de Orientação Profissional de Lisboa, segundo o modelo de Faria de Vasconcelos. Foi professor no Colégio Militar e, depois, professor no Liceu de Portalegre. Fez parte de um grupo de inovação pedagógica ao nível das Ciências, em parceria com a Fundação Calouste Gulbenkian e teve responsabilidades na formação de professores do Ensino Secundário na Zona Sul, como orientador pedagógico. Exerceu as funções de vice-reitor do Liceu de Portalegre (1973-1974). Foi director da Escola do Magistério Primário de Portalegre (1974-1976). Colaborou na implantação de uma rede nacional de orientação escolar, exercendo funções de orientador vocacional nas escolas secundárias de Portalegre, em colaboração com o Instituto de Orientação Profissional. Interveio, no âmbito da O.C.D.E., num seminário internacional, para o arranque das Escolas Superiores de Educação em Portugal. Fez Provas Públicas para o Ensino Superior Politécnico de Portalegre.
Co-fundador, com sua mulher, do “Clube de Biologia e
Geologia Serra de S. Mamede”, destinado ao aproveitamento dos tempos livres
científicos de crianças e jovens, foi eleito em Praga membro da direcção do
MILSET (International Movement for
Leisure Activities in Science and Technology).
Foi presidente da Comissão de Justiça e Paz da Diocese de
Portalegre-Castelo Branco (2001-2010) e voluntário no Centro de Acolhimento
Temporário de Crianças e Adolescentes de Portalegre (2002-2012), integrando
actualmente os órgãos sociais da Rádio Portalegre e da Santa Casa da
Misericórdia de Portalegre.
Colaborou com regularidade nos jornais de Portalegre “Distrito de Portalegre” e “Fonte Nova” (1980-2016), no jornal “Diário Insular” de Angra do Heroísmo (2011-2015) e, ocasionalmente, no jornal nacional “Diário de Notícias”. Escreveu, ainda, episodicamente, para as revistas de Portalegre “ Jornal de Artes Plásticas”, “Miradouro” e “Plátano” e nas de âmbito nacional “Labor”, “Boletim do Instituto de Orientação Profissional”, “Frente Ecológica”, “Escola Democrática”, “O Professor”, “Rua Sésamo”, “O Jornal de Educação” e “Aprender”. É actualmente colaborador regular do jornal “Reconquista” de Castelo Branco” e da Rádio Portalegre.
Livros publicados:
_ Formação de
Professores em Tempos de Abril, 2010. Lisboa: Edições Colibri.
_ Ingredientes do
Poder, 2005. Portalegre: Instituto Politécnico de Portalegre.
_ A Humanização da
Técnica - O Engenheiro e os Cursos de Engenharia em Portugal, 2002.
Portalegre: Instituto Politécnico de Portalegre.
_ Comunicação,
Comportamento Humano e Empresa, 1999. Portalegre: Instituto Politécnico de
Portalegre.
_ Estratégias Para a
Procura De Emprego, 1993. Lisboa: Plátano Edições Técnicas.
_ O Mundo Profissional
na Criança, 1990. Lisboa: Livros Horizonte.
_ Como Escolher Cursos
e Profissões, 1982, em colaboração com Lia Giacaglia e Wilma Penteado.
Lisboa: Básica Editora.
_ Educação Vocacional
no Ensino Secundário, 1980. Lisboa: Livros Horizonte.
_ Monografias Profissionais, 1968. Lisboa: Instituto de Orientação Profissional.
Livros escolares:
_ Regulação Biológica
– Noções Básicas de Saúde, 11º ano de escolaridade, 1982. Rio Tinto:
Edições ASA
_ Ciências da Natureza
– Os Seres Vivos e o Ambiente. Testes de Avaliação, 7º ano de escolaridade,
1981. Rio Tinto: Edições ASA.
_ Biologia – O Homem e
o Ambiente. Testes de Avaliação, 8º ano de escolaridade, 1981. Rio Tinto: Edições
ASA
_ Ciências da Natureza – Constituição da Matéria. Testes de Avaliação, 7º ano de escolaridade, 1978. Porto: Edições ASA.
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