Crónica de Nenhures
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Há países viáveis, e há países inviáveis. A geografia, nos
seus diferentes aspectos, física, social e humana, é importante senão mesmo
decisiva para a existência de países, e pode determinar a sua longevidade.
O arquipélago cubano tem como principal ilha a Ilha de Cuba,
que tem no seu seio um país com o mesmo nome.
Colonizada por Espanha, e à maneira espanhola, Cuba tem uma
posição geoestratégica à entrada do Golfo do México, que a tornou apetecível em
termos políticos e militares.
Independente após o fim da Guerra Hispano-Americana, em
1898, esteve desde então na esfera da influência dos EUA até à denominada
Revolução Cubana, que transformou Cuba numa ditadura comunista até ao presente.
A ditadura comunista implantada em Cuba e liderada por uma
Família, foi sempre ‘uma pedra no sapato’ dos americanos, que por diversas
vezes, formas e feitios tentaram, sempre sem sucesso, derrubá-la e transformar
Cuba num país democrático.
Entretanto, Cuba foi sendo cada vez mais um país fechado,
apoiado pela então URSS e seus satélites, cujo tecido económico e social foi
definhando ao longo dos negros anos do totalitarismo comunista.
Inaptos, infantis, os EUA decretaram um bloqueio económico a
Cuba, que nunca teve efeitos reais, mas que se tornou na forma de justificar o
insucesso das teorias económicas marxistas adoptadas pelo regime. Ainda hoje,
para a esquerda radical, e não só, o insucesso da dita Revolução é justificada
pelo bloqueio económico americano.
Diga-se que Portugal, que acolheu o presidente deposto pela
Revolução, sempre manteve relações diplomáticas com a Cuba revolucionária e
comunista.
Cuba tem na cultura do açúcar e do tabaco as suas principais
fontes de riqueza. A existência de hidrocarbonetos na sua plataforma marítima,
não é só por si suficiente para a tornar num país rico. E o turismo mantem-se
como uma forma importante para a entrada de tão necessitadas divisas. Cuba tem
grandes dificuldades para existir como estado, chegando a um estado de penúria
que a obrigou a procurar um entendimento com o arqui-inimigo.
Os EUA estão numa situação que faz lembrar os inícios do fim
do Império Romano. Os sinais começam a ser preocupantes, e novo império parece
florescer no Pacífico.
Mas não estiveram sozinhos neste processo. O Vaticano, na
pessoa do papa jesuíta, fez de intermediário, entre Barack Obama e Raul Castro.
Como vem sendo hábito neste pontificado, os interesses
políticos sobrepõem-se aos religiosos, e para o actual bispo de Roma é mais
importante apoiar um estado comunista, uma ditadura comunista como a de Cuba,
do que defender os Cristãos, mártires pela sua Fé em cada vez mais lugares do
Mundo.
Por outro lado, a insuspeita cadeia de televisão americana
CNN, numa sondagem realizada em finais de março de 2015 (1) (2), mostra que a
popularidade do presidente Obama está a níveis inferiores a 50%.
Num gesto que tem mais de político do que de racional, os
EUA dão a mão a Cuba, na pessoa do seu actual ditador, irmão do anterior.
Aquele sentimento de superioridade moral que os EUA
apregoavam com o papel desempenhado pelos seus Pais Fundadores e com a sua
Constituição, esbarra com este desencontro com esses fundamentos morais.
O interesse dos EUA no restabelecimento de relações
diplomáticas, e posteriores económicas, não foi para ajudar o Povo Cubano a
recuperar a sua Liberdade, mas sim para perpectuar uma Família e uma ditadura
naquela ilha mártir!
Só o Povo Cubano pode acabar com a ditadura que o asfixia.
Pode, porventura, esta nova ligação aos EUA dar-lhe a força necessária para de
uma forma pacífica se libertar das grilhetas do comunismo e daquela Família.
Mas Cuba não pode voltar a ser o ‘bordel’ dos EUA, nem uma plataforma de
negócios ilícitos que a história mostra estarem ambos no seu passado e
presente.
Mário Casa Nova Martins
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