Desabafos, 2014/2015 - XVIII
Diz o ditado popular que «o mal de uns é o bem de outros». A
verdade que contém nem sempre é linear, que o diga o que se passa actualmente
entre a Grécia e os seus credores.
O ‘mal’ da Grécia nunca será o ‘bem’ quer dos credores,
quer, principalmente da Europa, seja a que pertence à União Europeia, seja a
outra.
A culpa do que hoje se passa na Grécia é dos próprios
Gregos, que ignoraram a ‘história da cigarra e da formiga’. E não bastando
isso, ao verem-se à beira do precipício, em vez de pedirem ajuda à ‘formiga’,
aliam-se à ‘cigarra’.
Quando é sugerido ao governo grego a realização de uma
consulta popular sobre a permanência, ou não, da Grécia no Euro, é o maior
‘presente envenenado’ que este país poderia receber. E ele foi feito pela
Alemanha.
O que a princípio parecia uma novela de tipo mexicano, está
hoje transformado num drama para a Grécia e por arrastamento para a Zona Euro.
Se a Grécia sair do Euro, nada ficará a montante e a jusante, como dantes. As
ondas de choque chegarão a todos os países, e os mais frágeis económica e
financeiramente como Portugal, serão os mais atingidos.
Começa a ser tempo de a crise grega ter uma conclusão. Adiar
não é solução, e com o passar do tempo, mais irá sofrer o povo grego. Mas isso
parece não preocupar o governo de Atenas, preocupado que está em mediatizar a
situação esperando que a mesma se resolva a seu contento.
Puro engano, como se alguma vez a demagogia e
consequentemente a irresponsabilidade vencessem a batalha final!
A Grécia tem que rever o esquema de pensões e reformas, tem que
alterar a lei laboral, tem que privatizar activos do Estado, e tem que
controlar o défice orçamental.
Todos estes pontos acima enunciados, teve que Portugal
intervencionar, e o facto é que conseguiu debelar a situação grave em que tinha
mergulhado, a terceira desde o tempo da I República, e as três, todas nas
últimas quatro décadas.
O governo grego, com uma retórica moldada pelo radicalismo
de esquerda, recusa qualquer alteração do sistema, querendo a todo o custo iludir
credores e instituições europeias, às quais pertence e perante as quais tem
direitos, mas também tem deveres!
Será, eufemisticamente, um ‘verão quente’, aquele que a
Grécia terá neste 2015.
in, Rádio Portalegre, Desabafos, 18/05/2015
Mário Casa Nova Martins
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