Crónica de Nenhures
A derrota israelita
Israel perdeu. Israel está irreconhecível. Israel tinha que
invadir Gaza e destruir todas as infraestruturas do Hamas. Mas Israel recuou em
toda a linha.
Se o candidato Republicano tivesse sido eleito, Israel não
teria atacado agora Gaza. E provavelmente nunca o faria. Com a eleição do
Republicano, era certo o ataque ao Irão por uma coligação onde EUA, UE, Arábia
Saudita e Israel seriam os principais aliados.
Mas o sonho, melhor, o pesadelo, está adiado pelo menos quatro
anos. E nesse tempo Israel terá que conviver com a realidade do Médio Oriente,
onde tem um lugar de direito próprio, mas onde tem que aceitar a existência de
um Estado Palestiniano com as fronteiras reconhecidas e com Jerusalém como
capital de dois Estados, Palestina e Israel.
Mas a guerra entre sionistas, sunitas e xiitas terá tréguas
curtas. Hoje tudo é efémero, tudo é transitório no Mundo, quanto mais no Médio
Oriente, onde as alianças são mais voláteis que o gaz e o petróleo, os únicos e
verdadeiros interesses da região.
Até hoje Israel não tem sabido gerir este vespeiro. Como viu
com a presidência Obama, o apoio dos EUA não é total, mas continua a agir como
se fosse. Também na União Europeia são cada vez mais as vozes que criticam a
política expansionista dos colonatos. Por enquanto a opinião pública alemã
continua presa ao passado, mas esse passado cada vez mais é passado e quando a
Alemanha escrever a História da Guerra Civil Europeia de 1914-1945, na qual foi protagonista, Israel terá que assumir o seu papel naquele conflito.
Israel tem que ter a solução para o problema, e não pode
continuar a ser apenas parte dele. O Egipto não é o aliado dos tempos
anteriores à Primavera Árabe, a Arábia Saudita sai fragilizada da contenda,
a Síria manter-se-á como está, e o Irão é o grande vencedor.
Mário Casa Nova Martins
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