João Marchante
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DO PODER REVELADOR DOS BLOGUES
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Gosto de blogues individuais. Os autores tornam-se mais pessoais em casa própria. Cada casa, cada causa. Que é como quem diz: aqui, cada um desfia, dia-após-dia, o rumo da sua vida. E a vida de cada um é aquilo que de mais interessante temos para oferecer uns aos outros. Partilhar referências nascidas de vivências. Por fim, esse fio-de-Ariadne será útil para retomarmos o caminho, quando nos perdermos no labirinto das ideias. Um rasto, qual sinalética. Simbólica e tudo, porque codificada. Mas clara, pois para obscuro já existe o mundo. E, quanto mais desligado do mundo for o blogue, mais cativante será o autor. Há uma profundidade que só se atinge sendo-se desprendido. A liberdade conquista-se dizendo o bloguista em cada momento o que lhe passa pela cabeça. Sem filtros. Sem concessões. Sem compromissos. Sem favores. Escrevendo como se ninguém estivesse a ler e não houvesse nada a perder. Tendo porém noção que arrisca tudo com a sua exposição. Esplanada nesse rasto que deixa lastro. Sabendo também que existe sempre alguém a quem se destina cada mensagem. Nem que seja um ilustre desconhecido. O qual, mais tarde ou mais cedo, se acaba por revelar. Isto é: mesmo que nunca se revelando perante o bloguista, muda a direcção da sua vida, devido a uma frase que leu num blogue. Fazendo assim a sua pessoalíssima revelação. Pode esta ter como ponto de partida um exame de consciência feito ao espelho de um blogue; ou, à janela, se quiserem. Dizem que acontece. Sendo sempre a mudança para melhor. Não tivesse ela por base a elevação espiritual através da sabedoria adquirida ou da afinidade encontrada. Enfim: regenerado e redimido, o leitor avança para novas etapas. Cara lavada e alma purificada. Se este vosso amigo pessimista o afirma, podem crer que assim é. Digo-o como bloguista, e como leitor. E fica tudo dito.
Por outro lado, existem blogues para fazer dinheiro e vender banha da cobra. Evito passar por lá.
Por outro lado, existem blogues para fazer dinheiro e vender banha da cobra. Evito passar por lá.
João Marchante
in, Eternas Saudades do Futuro, Sábado, 29 de Outubro de 2011
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