António Martinó de Azevedo Coutinho
III – Festival Ambiente ou Portalegre no Mundo
(ainda que não tenha parecido!)
Foram ao todo sete edições, sete... Nasceu em Portalegre, aqui viveu entre 1998 e 2007, daqui se projectou na Europa e no Mundo, mas permaneceu por cá como um ilustre desconhecido... ou quase.
Nasceu da iniciativa de Ceia da Silva, então presidente da Região de Turismo de São Mamede (depois Norte Alentejano). Para além dos assumidos objectivos de promoção turística, a sua essencial intenção manteve-se sempre centrada nas questões ambientais, formalmente servidas pela audiovisual e pelo multimédia. Entre o seu público alvo foram privilegiadas as escolas de todo o Distrito. A exibição de filmes e videogramas ambientais, a realização de ciclos de exposições e de colóquios públicos e a organização de concursos temáticos foram os seus conteúdos dominantes.
O Festival Ambiente – Encontros de Imagem e Som do Norte Alentejano depressa se internacionalizou, ao ser convidado por estruturas comunitárias para integrar um ambicioso projecto europeu. Com organizações similares da Eslováquia, Alemanha, República Checa, Rússia e ainda do Japão, integrámos o Ecomove, que realizou dois festivais internacionais em Berlim (2001 e 2003), e estivemos presentes na II Cimeira da Terra, em Joanesburgo (África do Sul, 2002) e na Expo Universal de Aichi (Japão, 2005).
Algumas das mais significativas personalidades do mundo ambiental português -Almeida Fernandes, Correia da Cunha, Delgado Domingos, Francisco Ferreira, Galopim de Carvalho, Gonçalo Ribeiro Telles, Fernando Catarino, Humberto Rosa, João Evangelista, Luísa Schmidt, Mário Freitas, Viriato Soromenho-Marques e outros- vieram generosamente até nós, divulgando e partilhando a sua mensagem de crédito e de confiança no nosso futuro.
Porém, quanto a Portalegre e aos portalegrenses, como diria o outro (e com o devido respeito para com tão prestáveis bichos, a ostra e o suíno!), o Festival significou pérolas a porcos...
Dirigindo a sua equipa organizadora, tive oportunidade de conhecer gente dotada da mais generosa disponibilidade assim como de elevada qualidade técnica e humana. Foi o caso, logo em 1998, dos membros da Adenex – Asociación para la Defensa de la Naturaleza y los Recursos de Extremadura, com sede na vizinha cidade espanhola de Mérida, onde por diversas vezes os visitei, com idêntica reciprocidade.
Tendo competido em duas das modalidades a concurso, obtiveram a “Disquete de Bronze” entre as 20 homepages concorrentes e, com o videograma Cerrar Almaraz, conquistaram a “Cassete de Prata”, num universo de 35 obras originais.
O vídeo premiado, uma produção de 1997 assinada pela Adenex em cooperação com Libre – Producciones Audiovisuales Multimedia, tem cerca de 9 minutos e meio de duração e pode resumir-se na sua própria apresentação:
“Os perigos potenciais das centrais nucleares são aqui lembrados através do exemplo de Almaraz, junto ao Tejo, em plena Extremadura espanhola, bem perto da fronteira portuguesa.
Chernobyl não está esquecida e o risco é quotidiano. O que pode e deve fazer cada um de nós, se acreditarmos que o ambiente não é simplesmente uma herança legada pelos nossos pais, mas sobretudo um empréstimo concedido pelos nossos filhos?!”
Foi por esta obra que fiquei a conhecer o significado da central nuclear de Almaraz, aqui bem perto de nós e por onde já tinha passado por diversas vezes sem nunca lhe ter dedicado qualquer especial atenção.
António Martinó de Azevedo Coutinho
0 Comments:
Enviar um comentário
<< Home