António Martinó de Azevedo Coutinho
RÉGIO HOJE
III - JOSÉ RÉGIO, CINÉFILO
Nesta cidade e no ano de 1961, foi constituído e devidamente oficializado o Cine-Clube de Portalegre, Centro de Cultura Cinematográfica. Para além do facto, já de si suficientemente significativo, de ter sido essa associação a primeira das que, entre nós, dedicou ao Cinema o essencial dos seus objectivos e práticas, será interessante realçar o facto de um dos principais e mais entusiastas dinamizadores, além de seu primeiro presidente da Assembleia Geral ter sido... José Régio!
Eis aqui, por isso, outra efeméride regiana para este 2011: a dos 50 anos da constituição do Cine-Clube que albergou Régio no seu seio, assim dando expressão a uma das mais reconhecidas “paixões” culturais do Poeta.
Deixarei por agora em paz o meu amigo António Ventura, pois neste particular outros se perfilam com maior conhecimento específico e com plena autoridade na matéria, até porque acompanharam pessoalmente Régio nessa aventura. O termo aventura é apropriado, pois um episódio fundamental para a aprovação oficial do Cine-Clube, integrando alguns elementos “suspeitos” perante a Ordem então estabelecida (como, por exemplo, Régio!), foi mais ou menos aventuroso... mas isso ficará para depois.
Florindo Madeira e António Teixeira são opções fundamentais, indispensáveis, aos quais juntaria Lauro António e me atreveria a sugerir mestre Manoel de Oliveira, como o grupo ideal para projectar o conjunto de iniciativas comemorativas.
Para começar, um dos interesses do projecto justifica-se pelo facto de, provavelmente, ser esta uma das facetas menos conhecidas e estudadas entre a prodigiosa e plural actividade cultural de Régio. Excepto da parte de Lauro António, pouco mais se tem divulgado, sistematicamente, sobre as ligações regianas à denominada 7.ª Arte.
Sugestões para um possível núcleo central das comemorações também não são difíceis de arrolar:
- Montagem de uma exposição pública que reúna todos os elementos susceptíveis de recuperar um episódio comunitário e associativo pouco conhecido dessa época: a constituição e funcionamento do Cine-Clube de Portalegre, Centro de Cultura Cinematográfica, dotada de catálogo alusivo;
- Montagem de uma exposição pública que reúna todos os elementos susceptíveis de recuperar um episódio comunitário e associativo pouco conhecido dessa época: a constituição e funcionamento do Cine-Clube de Portalegre, Centro de Cultura Cinematográfica, dotada de catálogo alusivo;
- Organização de conferências-colóquios alusivos à época e a este acontecimento sócio-político-cultural, assim como à produção literária de Régio dedicada à crítica cinematográfica, desde a presença até aos textos mais recentes, incluindo os -praticamente inéditos- publicados no efémero semanário portalegrense Alto Alentejo (1930-31);
- Concretização de um ciclo de projecções, comentadas, de obras de temática regiana adpatada ao cinema, como Benilde ou a Virgem Mãe (Manoel de Oliveira, 1975), O Príncipe com Orelhas de Burro (António de Macedo, 1979), O Vestido Cor de Fogo (Lauro António, 1985), O meu Caso (Manoel de Oliveira, 1987), e O Quinto Império – Ontem como Hoje (Manoel de Oliveira, 2004).
- Concretização de um distinto ciclo de projecções, comentadas, composto por outro tipo de obras, menos “comerciais” e mais intimistas, sobre Régio e o seu Mundo, como Os Habitantes de Aquela Casa (Ernesto de Oliveira, 1968), As Pinturas do meu Irmão Júlio (Manoel de Oliveira, 1965), A Vida e a Morte - Romance de Vila do Conde e O Poeta Doido, o Vitral e a Santa Morta (Manoel de Oliveira, 1965-2008), etc, em desejável cooperação com Curtas Vila do Conde - Festival Internacional de Cinema.
- Organização de uma filmoteca-base com obras fílmicas documentais, pertencentes aos arquivos da RTP, de e sobre José Régio, com destino à Casa Museu de José Régio (Portalegre) e à Casa de Régio (Vila do Conde), como programas de Mário Cláudio, José Hermano Saraiva, Isabel Baía, etc.
Naturalmente, não deveria ficar por aqui o conjunto das manifestações culturais relacionadas com o cinéfilo José Régio. Tal como ficou sugerido quanto ao jornalista José Régio, quanto a uma justa “extensão” a Feliciano Falcão, também esta oportunidade comemorativa deveria homenagear pública e dignamente um grande amigo do Poeta -injustamente esquecido- com papel fundamental no universo cinematográfico: Ernesto de Oliveira.
Naturalmente, não deveria ficar por aqui o conjunto das manifestações culturais relacionadas com o cinéfilo José Régio. Tal como ficou sugerido quanto ao jornalista José Régio, quanto a uma justa “extensão” a Feliciano Falcão, também esta oportunidade comemorativa deveria homenagear pública e dignamente um grande amigo do Poeta -injustamente esquecido- com papel fundamental no universo cinematográfico: Ernesto de Oliveira.
Cineasta e jurista de elevados méritos, o Dr. Ernesto de Oliveira (1927-1998), natural de Póvoa e Meadas (Castelo de Vide), merece ser lembrado por diversos motivos, para além do facto de ter sido um dos maiores amigos e companheiros de Régio, sobretudo na fase derradeira da sua vida.
António Martinó de Azevedo Coutinho
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