\ A VOZ PORTALEGRENSE: Jorge Luís Lourinho Mangerona

quarta-feira, novembro 24, 2010

Jorge Luís Lourinho Mangerona

ÊXITOS….

Não me vou referir ao êxito político que parece ter sido a recente cimeira da Nato… Aliás, sabe-se como nestas coisas, o êxito de hoje pode ser o desastre de amanhã. Apesar desta certeza saúda-se, pelo menos, a aproximação à Rússia que terá desesperado os nostálgicos do Pacto de Varsóvia que, ainda assim, vivem num mundo de antes da Queda do Muro de Berlim. É verdade que, na política internacional, o amigo de hoje é o inimigo de amanhã mas a Rússia é um gigante europeu que não pode ser marginalizado. Deixemos estas questões da geopolítica mundial para os comentadores encartados que dizem, normalmente, o que toda a gente sabe mas que são pagos, a peso de ouro, para isso mesmo: debitar evidências. O êxito a que me quero referir é outro: por muito que custe a engolir a alguns, a polícia portuguesa conseguiu evitar o habitual destas cimeiras. Desta vez não houve montras partidas, lojas e carros incendiados e dezenas de feridos a registar. Valerá a pena relembrar que não tem havido cimeira sem que bandos de vândalos e arruaceiros, em nome da liberdade e de políticas alternativas, não tenham causado grandes distúrbios... Façam o favor de se colocar no papel dos proprietários dos veículos e das lojas incendiadas e vandalizadas e digam como se sentiriam. As razões do aparecimento destes grupelhos, que aparentemente ninguém controla, são múltiplas e complexas e não caberiam nesta análise singela. Causa-me no entanto uma certa confusão que alguns analistas considerem, duma forma simplista, que tais grupos são o reflexo dos problemas estruturais e conjunturais porque passa a sociedade actual: fome, miséria, desemprego, etc... Segundo a comunicação social, um dos grupos barrados na fronteira pela polícia portuguesa deslocava-se da Finlândia para Portugal de autocarro. A Finlândia está no topo de tudo o que é estatística no que diz respeito ao nível de bem-estar e qualidade de vida e, que se saiba, não há fome, miséria e o desemprego é residual. Isto é, as causas que segundo os analistas provocam a emergência destes grupelhos não existem. Acresce que não será muito barata a deslocação, mesmo de autocarro, da Finlândia a Portugal, pelo que se duvida que os referidos manifestantes fossem desses excluídos da sociedade que os males atrás referidos criaram. Curiosamente a Finlândia é o exemplo, sempre deturpado, que deveríamos seguir segundo os nossos iluminados dirigentes. Provavelmente é altura de procurar outras razões para o mal-estar que leva ao aparecimento destes grupos que só têm como objectivo a destruição e a anarquia. Desta vez, não conseguiram praticar os actos reprováveis habituais e o mérito é da polícia portuguesa que não precisou dos blindados dos cinco milhões. Aliás, esta história dos blindados, entre o burlesco e o trágico, é um dos “fracassos” da cimeira, pelo menos a nível interno. Cabe na cabeça de alguém importar, num momento de crise, equipamento que já existia noutras forças? Cabe, porque em Portugal, neste momento, tudo é possível e não há dramaturgo que consiga superar a imaginação dos políticos portugueses. Êxito tiveram também os gestores milionários das empresas públicas… O Zé auxiliar de limpeza, o Manuel das finanças ou o António professor vêem os seus vencimentos diminuídos mas as sumidades que gerem as empresas públicas não podem ser sacrificadas. Depois ficam muito admirados porque há por essa Europa fora grupos que actuam com grande violência! Não há dúvida que o Zé Povinho português tem paciência de santo!
Jorge Luís Lourinho Mangerona