Willy Vandersteen
cadáveres no armário
por FERNANDO MADAÍL
"Vae victis!" A expressão que Tito Lívio colou aos lábios do lendário chefe gaulês Breno mantém o seu sentido inalterado apesar da passagem dos séculos. "Ai dos vencidos!" E os artistas que colaboram com as ditaduras arriscam-se a ser apagados para sempre. Ninguém pode elogiar, por exemplo, os pintores nazis Adolf Wissel, Conrad Hommel ou Werner Peiner.
Uma das mais recentes vítimas da sua ideologia foi o desenhador belga Willy Vandersteen (1913-1990), criador de uma vasta obra quase desconhecida em Portugal, mas a quem Hergé chamou o Brueghel da Banda Desenhada. Os filhos descobriram agora que era ele o autor dos desenhos anti-semitas publicados, durante a II Guerra Mundial, sob o pseudónimo de Kaproen. A obra irá ser editada, no próximo ano, pela Standaard Uitgeverij e, graficamente, pelo que se conhece, talvez seja curiosa. Já o teor...
Afinal, este tipo de cadáveres no armário, a expressão oitocentista britânica que designa um passado a camuflar, também manchou as carreiras do secretário-geral da ONU e presidente austríaco Kurt Waldheim, do escritor alemão Günter Grass e do presidente francês François Mitterrand. "Vae victis!"
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