António Martinó de Azevedo Coutinho
QUEREMOS ALEGRE O FUTEBOL... E O RESTO!
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O texto que o Dr. Mário Freire aqui divulgou há dias deve merecer-nos a melhor atenção. Agora, depois de ultrapassada a “crise” indígena alusiva com lucidez e sentido construtivo, no respeito pela lógica elementar, pela inteligência básica e sobretudo pelos interesses comunitários mais autênticos, é preciso avançar.
Há cerca de uma semana, o jornal A Bola publicou nas suas páginas centrais uma reportagem da autoria de Miguel Cardoso Ferreira, intitulada Portalegre do futebol triste. E o conteúdo é de acordo com o que o título deixaria supor...
Transcrevo aqui o seu final: (...) “O estádio municipal, por sua vez, que esteve para ser transformado numa escola, ainda lá está e por lá ficará na sequência de um bloqueio político do projecto. Mas a relva está num estado lamentável, aguenta um treino e um jogo por semana e por lá passam, além das equipas dos dois clubes, também uma de râguebi. Dizem os dirigentes que as condições velhas afastam as pessoas. E que às vezes, porque até os bancos de suplentes estão ferrugentos e remendados com lonas, se sentem mal em receber adversários. O futebol em Portalegre, vivo ou morto, tem perdido alegria.”
Portanto, como Mário Freire também sugere, é preciso recuperar aqui o recuperável e com a urgência possível. Tal esforço impõe-se, até para que a capital de distrito (!?) não tenha de se envergonhar, ainda mais, no confronto com as cidades e vilas circunvizinhas. Depois, torna-se necessário decidir e actuar, com coerência, não só no estádio como no seu envolvimento desportivo já existente.
Por fim, e em perfeita sintonia com o meu prezado companheiro de blog, também considero como altamente desejável que toda a zona venha a tornar-se naquilo de que os portalegrenses não têm podido usufruir e merecem: um espaço de lazer e de contacto com a Natureza, quer assumindo uma adequada prática desportiva, quer procurando apenas o pretexto de um seguro descanso ao ar livre.
As recentes intervenções em dois jardins públicos da cidade revelaram-se, a este nível, inequivocamente fracassadas. Não atraem ninguém, talvez tenham mesmo contribuído para afastar alguns raros antigos frequentadores.
Portanto, vou aqui um pouco mais longe, acrescentando a hipótese de uma outra dimensão, ainda mais organizada e polivalente, para o espaço envolvente da actual zona desportiva citadina.
Para além do estádio, integrando a piscina, o pavilhão desportivo, o polivalente, o court de ténis e o campo de treinos, e não esquecendo a vizinhança da nova estrutura do terminal rodoviário assim como a de uma renovada Escola Cristóvão Falcão, por que não completar o conjunto com um parque de merendas? Naturalmente, não se pensa apenas nos visitantes (uma vez mais, em causa, estaria a adequada oferta de um espaço organizado e vocacionado para os acolher com qualidade), mas também nos residentes, que igualmente merecem ser “turistas” na sua própria terra.
Creio que, com o contributo da criatividade e da inventiva locais -penso nos jovens arquitectos, urbanistas, designers e paisagistas portalegrenses- e com a progressiva aquisição dos terrenos envolventes, seria possível planear e ir executando, por fases e desejavelmente utilizando recursos técnicos próprios, uma obra de presente e de futuro, de que sempre carecemos.
Não podemos aceitar passivamente a divulgação pública de mais conceitos, talvez justos mas pouco estimulantes, como os do tal “desaparecimento” de Portalegre ou das coisas “tristes” que por aqui se vivem (ou morrem), sejam estas o futebol, a política ou a indústria... como recentes exemplos.
Infelizmente, continuamos a não poder contar com uma opinião pública, colectivamente representativa, com voz própria e interveniente, capaz de se constituir como um parceiro/interlocutor válido na tomada de decisões que regem o progresso (ou o retrocesso!?) da comunidade portalegrense. Não estamos habituados a isso.
Porém, impressiona-me o volume quantitativo das silenciosas e anónimas visitas a este blog, frequentemente largas centenas por dia. Por que não transformar esta força potencial -pelo comentário, pela sugestão e/ou pela crítica- num forte e esclarecido movimento colectivo de assumidas identidades que dessem pública conta do real interesse que, apesar de tudo, ainda mantemos pela nossa terra?
António Martinó de Azevedo Coutinho
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