Luís Filipe Meira
.
Capitulo 1
Capitulo 1
.
Cumpriu-se no passado fim-de-semana o 1.º capítulo da 8.ª edição do Portalegre JazzFest. Sucesso artístico com dois bons concertos no Grande Auditório em que o publico compareceu em número bastante razoável e mais três no espaço Café-Concerto em que apesar da complexidade dos projectos apresentados foram também bastante concorridos.
.
Carlos Barretto Trio / Lokomotive /
**** / *
As honras de abertura foram para Carlos Barretto (CB) e o projecto Lokomotive que conta com José Salgueiro na bateria e o guitarrista Mário Delgado. É recorrente dizermos que Barretto é um dos melhores músicos de Jazz portugueses. Mas CB é muito mais que isso. É um músico enorme que conhece o seu contrabaixo perfeitamente e que consegue potenciar um instrumento de tão difícil execução para níveis elevadíssimos. Perfeita foi também a unidade demonstrada por todo o grupo a que não é alheio certamente o facto de estarem na fase final da gravação de um novo disco. José Salgueiro é um baterista / percussionista de grande versatilidade e o experiente guitarrista Mário Delgado mostrou que para além dos inegáveis recursos técnicos que lhe são reconhecidos tem neste projecto espaço para se soltar e demonstrar uma faceta de improvisador com grande imaginação. Belo Concerto.
José James Quartet
***/**
José James é um cantor norte-americano de Minneapolis sobre o qual não tinha nenhumas referências. Encomendei por isso na Amazon o seu novo disco, Black Magic. No entanto talvez devido aos feriados de Carnaval a encomenda não chegou a tempo, o que me fez entrar no concerto sem expectativas, pois o pouco que tinha conseguido ouvir e o que tinha lido não me habilitava de minimamente a esperar o que quer que fosse. Mesmo agora, 24 horas depois do concerto, ainda não tenho opinião fundamentada sobre este cantor de bons recursos vocais que se movimenta em palco como um hiphopper e apresenta um som que andará algures entre a nu-soul, o nu-jazz ou mesmo o smoth jazz. A música de James não é fácil de catalogar tantas são as influências detectadas, o que pode não ser negativo mas traz alguma instabilidade à performance do músico. O som nem sempre demonstra a coesão necessária porque vai saltando entre as várias fontes que alimentam à musica de James. É verdade que os músicos que o acompanharam são de inegável qualidade técnica, apesar de não me parecerem grandes solistas, é verdade que José James tem uma óptima voz, sendo também verdade que o concerto sendo desigual teve bons momentos, mas não foi aquilo que se chama um grande concerto. De qualquer forma vou pelo menos nos próximos tempos seguir a carreira deste músico que parece estar a subir de cotação no difícil mercado da música.
Pocket Book of Lightning */***
Trio Lisboa Berlim **/***
Espaço Café-Concerto
Muito complicada foi a actuação do Pocketbook of Lightning, o duo de Nuno Rebelo e Marco Franco, aqui com a colaboração do saxofonista Tom Chant. Assente em conceitos estéticos perto da música electrónica e do free jazz vagamente inspirados em compositores como Edgar Varêse ou John Cage, este trio praticou uma música já de si de grande complexidade e que pode afugentar o ouvinte menos avisado quando exibida sem condições ou seja num espaço de Café-Concerto que naturalmente tem um ruído ambiente que só prejudica a concentração dos músicos e dos espectadores interessados. Pois os mirones não dão por nada. Para projectos deste tipo o pequeno auditório é definitivamente o local ideal.
Reconheço que tinha algum receio que os pressupostos que referi anteriormente se confirmassem para a actuação do Trio Lisboa Berlim, o que felizmente não aconteceu. Verdade seja dita que a música deste trio formado por um guitarrista português e uma secção rítmica germânica, não apresenta o grau de complexidade do PBL que actuaram na noite anterior, apesar de também não ser de fácil apreensão. Não assisti ao concerto completo, mas gostei do pouco que ouvi.
Open Gate 5 ***/**
Na tarde de 5ª feira o Portalegre JazzFest teve o seu prólogo com a performance dos Open Gate 5, um interessante projecto de manipulação de objectos que se utilizam no dia-a-dia extraindo-lhe os mais diversos sons. Esta actuação apesar de direccionada para crianças (4/5 anos), que aguentaram firme durante quase uma hora, apresentou algumas debilidades pois teve pouca interacção entre perfomers e publico.
No sábado à tarde José Duarte, o decano dos divulgadores/críticos de Jazz portugueses esteve informalmente à conversa com os apreciadores de Jazz que se deslocaram ao CAEP. Não pude estar presente mas sei que a conversa correu bem, tendo Duarte reiterado as suas habituais posições críticas aos novos rumos que o Jazz vem percorrendo desde a década de 60.
**** / *
As honras de abertura foram para Carlos Barretto (CB) e o projecto Lokomotive que conta com José Salgueiro na bateria e o guitarrista Mário Delgado. É recorrente dizermos que Barretto é um dos melhores músicos de Jazz portugueses. Mas CB é muito mais que isso. É um músico enorme que conhece o seu contrabaixo perfeitamente e que consegue potenciar um instrumento de tão difícil execução para níveis elevadíssimos. Perfeita foi também a unidade demonstrada por todo o grupo a que não é alheio certamente o facto de estarem na fase final da gravação de um novo disco. José Salgueiro é um baterista / percussionista de grande versatilidade e o experiente guitarrista Mário Delgado mostrou que para além dos inegáveis recursos técnicos que lhe são reconhecidos tem neste projecto espaço para se soltar e demonstrar uma faceta de improvisador com grande imaginação. Belo Concerto.
José James Quartet
***/**
José James é um cantor norte-americano de Minneapolis sobre o qual não tinha nenhumas referências. Encomendei por isso na Amazon o seu novo disco, Black Magic. No entanto talvez devido aos feriados de Carnaval a encomenda não chegou a tempo, o que me fez entrar no concerto sem expectativas, pois o pouco que tinha conseguido ouvir e o que tinha lido não me habilitava de minimamente a esperar o que quer que fosse. Mesmo agora, 24 horas depois do concerto, ainda não tenho opinião fundamentada sobre este cantor de bons recursos vocais que se movimenta em palco como um hiphopper e apresenta um som que andará algures entre a nu-soul, o nu-jazz ou mesmo o smoth jazz. A música de James não é fácil de catalogar tantas são as influências detectadas, o que pode não ser negativo mas traz alguma instabilidade à performance do músico. O som nem sempre demonstra a coesão necessária porque vai saltando entre as várias fontes que alimentam à musica de James. É verdade que os músicos que o acompanharam são de inegável qualidade técnica, apesar de não me parecerem grandes solistas, é verdade que José James tem uma óptima voz, sendo também verdade que o concerto sendo desigual teve bons momentos, mas não foi aquilo que se chama um grande concerto. De qualquer forma vou pelo menos nos próximos tempos seguir a carreira deste músico que parece estar a subir de cotação no difícil mercado da música.
Pocket Book of Lightning */***
Trio Lisboa Berlim **/***
Espaço Café-Concerto
Muito complicada foi a actuação do Pocketbook of Lightning, o duo de Nuno Rebelo e Marco Franco, aqui com a colaboração do saxofonista Tom Chant. Assente em conceitos estéticos perto da música electrónica e do free jazz vagamente inspirados em compositores como Edgar Varêse ou John Cage, este trio praticou uma música já de si de grande complexidade e que pode afugentar o ouvinte menos avisado quando exibida sem condições ou seja num espaço de Café-Concerto que naturalmente tem um ruído ambiente que só prejudica a concentração dos músicos e dos espectadores interessados. Pois os mirones não dão por nada. Para projectos deste tipo o pequeno auditório é definitivamente o local ideal.
Reconheço que tinha algum receio que os pressupostos que referi anteriormente se confirmassem para a actuação do Trio Lisboa Berlim, o que felizmente não aconteceu. Verdade seja dita que a música deste trio formado por um guitarrista português e uma secção rítmica germânica, não apresenta o grau de complexidade do PBL que actuaram na noite anterior, apesar de também não ser de fácil apreensão. Não assisti ao concerto completo, mas gostei do pouco que ouvi.
Open Gate 5 ***/**
Na tarde de 5ª feira o Portalegre JazzFest teve o seu prólogo com a performance dos Open Gate 5, um interessante projecto de manipulação de objectos que se utilizam no dia-a-dia extraindo-lhe os mais diversos sons. Esta actuação apesar de direccionada para crianças (4/5 anos), que aguentaram firme durante quase uma hora, apresentou algumas debilidades pois teve pouca interacção entre perfomers e publico.
No sábado à tarde José Duarte, o decano dos divulgadores/críticos de Jazz portugueses esteve informalmente à conversa com os apreciadores de Jazz que se deslocaram ao CAEP. Não pude estar presente mas sei que a conversa correu bem, tendo Duarte reiterado as suas habituais posições críticas aos novos rumos que o Jazz vem percorrendo desde a década de 60.
O primeiro capítulo deste Portalegre JazzFest 2010 está fechado e correu globalmente bastante bem. Acredito que no próximo fim-de-semana a coisa ainda esteja melhor pois as expectativas estão justificadamente mais altas.
Luís Filipe Meira
.
in, Alto Alentejo, 24 de Fevereiro 2010, p.5
0 Comments:
Enviar um comentário
<< Home