Fernando Sobral
fsobral@negocios.pt
O túnel das relações entre FC Porto e Benfica não tem fundo. Mesmo lá ao fundo, não se vê nem uma luzinha artificial. As relações entre os dois clubes nem são bem um túnel: são um verdadeiro pântano que salpica todo o futebol português. Mas, num País onde existem os "grandes" e os outros, esta luta aristocrática é encarada com um encolher de ombros. Na relação entre o FC Porto e o Benfica não há uma bela e um "paparazzo": ambos parecem-se com o monstro das bolachas. Há muito que os dirigentes dos dois clubes deixaram de se interessar pela beleza estética do futebol. Tudo se resume a vitórias e poder. O futebol é um dano colateral na guerrilha entre Benfica e FC Porto. Há alguns anos, o sr. Arrigo Sacchi, com a sua imensa sabedoria, dizia que o "calcio" padecia da síndrome do Coliseu. Na sua opinião os italianos tinham transposto para o futebol as regras de combate e sobrevivência que regiam o Coliseu romano. Supunha-se que a época dos gladiadores a lutarem até à morte para alegria dos espectadores tinha desaparecido. Mas os dirigentes do FC Porto e Benfica querem transpor para o futebol português as regras do Coliseu: só que em vez de gladiadores, devido à crise, temos de nos contentar com "compères".
O túnel das relações entre FC Porto e Benfica não tem fundo. Mesmo lá ao fundo, não se vê nem uma luzinha artificial. As relações entre os dois clubes nem são bem um túnel: são um verdadeiro pântano que salpica todo o futebol português. Mas, num País onde existem os "grandes" e os outros, esta luta aristocrática é encarada com um encolher de ombros. Na relação entre o FC Porto e o Benfica não há uma bela e um "paparazzo": ambos parecem-se com o monstro das bolachas. Há muito que os dirigentes dos dois clubes deixaram de se interessar pela beleza estética do futebol. Tudo se resume a vitórias e poder. O futebol é um dano colateral na guerrilha entre Benfica e FC Porto. Há alguns anos, o sr. Arrigo Sacchi, com a sua imensa sabedoria, dizia que o "calcio" padecia da síndrome do Coliseu. Na sua opinião os italianos tinham transposto para o futebol as regras de combate e sobrevivência que regiam o Coliseu romano. Supunha-se que a época dos gladiadores a lutarem até à morte para alegria dos espectadores tinha desaparecido. Mas os dirigentes do FC Porto e Benfica querem transpor para o futebol português as regras do Coliseu: só que em vez de gladiadores, devido à crise, temos de nos contentar com "compères".
A guerra surda vem de longe. Desde os tempos em que os "grandes" de Lisboa silenciavam o resto das equipas do País e, depois, desde que a dupla sr. Pedroto/sr. Pinto da Costa fez da rivalidade Norte/Sul o terreno propício para dominar o futebol nas últimas décadas. A nova correlação de forças, mais visível esta época, fez com que o vulcão deixasse de estar silenciado. Com os reflexos inerentes: a célebre indústria do futebol voltou a transformar-se numa mercearia de esquina. O Eldorado é de chumbo. Esquecemo-nos que o futebol não é uma guerra. Nem sequer é uma adaptação da célebre metáfora do sr. Clausewitz: "a guerra é a continuação da política por outros meios". Aqui não: no Benfica/FC Porto deste ano a política é a continuação da guerra pelos mesmos meios. O que é confrangedor é ver, perante esta degradação de odor duvidoso, o silêncio pungente do sr. Hermínio Loureiro e do sr. Gilberto Madaíl. Deste não é nada que nos espante: o sr. Madaíl só diz coisas óbvias. Mas o sr. Loureiro chegou à Liga com o objectivo de a modificar. Na altura da sua saída, a Liga é um saco com ainda mais gatos. Toda a equipa da Liga (a começar pelo sr. Loureiro e a acabar no sr. Vítor Pereira) revelou-se uma força de manutenção de paz que ou actou mal, ou tarde demais. Como resultado temos o regresso dos tambores de guerra. Mas, como se sabe, uma guerra entre Benfica e FC Porto não tem argumento para um "blockbuster" de Hollywood. É, quanto muito, uma sinopse para um filme de série Z.
in, Jornal de Negócios, 01/02/2010
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[LFM]
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