António Franco
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Quem governa o Município de Nisa?
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Foi assim no mandato de 1994 a 97. Para os que quiseram acreditar, a explicação daquele período resumiu-se ao confronto constante e à falta de funcionamento. Mas a razão era evidentemente mais simples, havia um deficit de democracia, as decisões da Câmara não eram respeitadas, os tiques de uma governação há demasiado tempo em maioria absoluta cegavam as regras básicas que qualquer democrata deve aceitar. Mas os que acreditaram na explicação do regime estavam em maioria, o timoneiro era inteligente, detinha o poder e os favores eram muitos (alguns ainda hoje estão por pagar). Os homens do Presidente e alguma população intoxicada pela informação deturpada cometiam ousadias que iam dos insultos na sala de reuniões às ameaças à integridade física dos vereadores da oposição na rua. Lamentavelmente, ainda existem alguns incautos de diversos quadrantes políticos, da esquerda à direita, que evocam esse passado como “oposição turbulenta”. Para esses só há uma resposta: desconhecem o que é lutar sem vacilar.
Hoje em dia parece querer repetir-se a história. A CDU está em minoria, a oposição, que ainda não alcançou o brilho de outrora (desculpem a imodéstia), já patenteou algumas posições incómodas que marcaram a agenda, e a agitação transferiu-se de fora para dentro da sala de reuniões sempre que o executivo não decidiu em conformidade com as expectativas criadas por uma força politica que insiste em sobreviver no poder autárquico do Concelho por força da teia de dependências e influências que vai criando. Não quero com isto dizer que as pessoas não tenham o direito de se reunir, manifestar ou reivindicar. Poderão não merecer o que reivindicam mas isso é uma outra história que só diz respeito a quem avalia e a quem é avaliado no momento próprio, de uma forma isenta, e nunca com bloqueios institucionais por parte dos dirigentes políticos como aconteceu com os trabalhadores da Câmara de Nisa para quem foram estabelecidos limites na avaliação respectiva, prejudicando seriamente a evolução na carreira daqueles que não reclamaram ou que não o puderam fazer.
Contudo não podemos permitir que o poder se instale na rua só porque o desagrado de alguns combina com forças politicas interessadas em lançar a confusão. Só existe uma situação na qual o poder deve ser confrontado na rua e essa é a ditadura. Mas nisso os países comunistas, há semelhança de outros regimes totalitários, deram um lição histórica sobre como decidir com mão pesada, mantendo salários baixos e sem liberdade sindical.
Não abordarei aqui a atitude do nacional-porreirismo porque essa é uma via de sentido único para quem entrar nela. É fácil de usar quando se está no poder, na oposição ou quando não se tem nada a perder, mas será sempre irresponsável e mais tarde ou mais cedo atingir-se-á o ponto limite quando não se puder agradar a todos ou seja quando houver opções a fazer. Mas de uma coisa podemos ter a certeza, quando ninguém se preocupa com o bolso dos contribuintes fazendo uma gestão desequilibrada dos dinheiros públicos o desgoverno entranha-se até esgotar todos os seus recursos.
Finalmente, e no meio deste burburinho reivindicativo, gostaria de saber em termos de direitos dos trabalhadores do Município de Nisa quem defende os que têm os salários mais baixos? Quem defende os que não se encontram nas listas de promoção deste e de outros anos, umas publicadas outras não, e cujos salários são muito inferiores? Quem promove todos estes trabalhadores? Quem se lembra que os que vivem com menos recursos são aqueles que as crises mais afectam? Ou será que aqueles que mais têm se tiverem um pouco mais esgotam os que têm capacidade para reivindicar? E por fim, quem defende os que foram e hão-de continuar a ser preteridos nos concursos de acesso aos empregos municipais e que comprovadamente são mais competentes?
Cegueira ou tolice? Nem uma nem outra, apenas timidez na capacidade de decidir ou discriminação na hora de optar.
Quem governa o Município de Nisa?
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Sempre que a CDU perdeu a maioria na Câmara Municipal de Nisa para uma oposição informada, utilizou sempre a mesma estratégia: passou o poder para a rua, procurando assim legitimar uma minoria na arruaça e na intimidação.
Foi assim no mandato de 1994 a 97. Para os que quiseram acreditar, a explicação daquele período resumiu-se ao confronto constante e à falta de funcionamento. Mas a razão era evidentemente mais simples, havia um deficit de democracia, as decisões da Câmara não eram respeitadas, os tiques de uma governação há demasiado tempo em maioria absoluta cegavam as regras básicas que qualquer democrata deve aceitar. Mas os que acreditaram na explicação do regime estavam em maioria, o timoneiro era inteligente, detinha o poder e os favores eram muitos (alguns ainda hoje estão por pagar). Os homens do Presidente e alguma população intoxicada pela informação deturpada cometiam ousadias que iam dos insultos na sala de reuniões às ameaças à integridade física dos vereadores da oposição na rua. Lamentavelmente, ainda existem alguns incautos de diversos quadrantes políticos, da esquerda à direita, que evocam esse passado como “oposição turbulenta”. Para esses só há uma resposta: desconhecem o que é lutar sem vacilar.
Hoje em dia parece querer repetir-se a história. A CDU está em minoria, a oposição, que ainda não alcançou o brilho de outrora (desculpem a imodéstia), já patenteou algumas posições incómodas que marcaram a agenda, e a agitação transferiu-se de fora para dentro da sala de reuniões sempre que o executivo não decidiu em conformidade com as expectativas criadas por uma força politica que insiste em sobreviver no poder autárquico do Concelho por força da teia de dependências e influências que vai criando. Não quero com isto dizer que as pessoas não tenham o direito de se reunir, manifestar ou reivindicar. Poderão não merecer o que reivindicam mas isso é uma outra história que só diz respeito a quem avalia e a quem é avaliado no momento próprio, de uma forma isenta, e nunca com bloqueios institucionais por parte dos dirigentes políticos como aconteceu com os trabalhadores da Câmara de Nisa para quem foram estabelecidos limites na avaliação respectiva, prejudicando seriamente a evolução na carreira daqueles que não reclamaram ou que não o puderam fazer.
Contudo não podemos permitir que o poder se instale na rua só porque o desagrado de alguns combina com forças politicas interessadas em lançar a confusão. Só existe uma situação na qual o poder deve ser confrontado na rua e essa é a ditadura. Mas nisso os países comunistas, há semelhança de outros regimes totalitários, deram um lição histórica sobre como decidir com mão pesada, mantendo salários baixos e sem liberdade sindical.
Não abordarei aqui a atitude do nacional-porreirismo porque essa é uma via de sentido único para quem entrar nela. É fácil de usar quando se está no poder, na oposição ou quando não se tem nada a perder, mas será sempre irresponsável e mais tarde ou mais cedo atingir-se-á o ponto limite quando não se puder agradar a todos ou seja quando houver opções a fazer. Mas de uma coisa podemos ter a certeza, quando ninguém se preocupa com o bolso dos contribuintes fazendo uma gestão desequilibrada dos dinheiros públicos o desgoverno entranha-se até esgotar todos os seus recursos.
Finalmente, e no meio deste burburinho reivindicativo, gostaria de saber em termos de direitos dos trabalhadores do Município de Nisa quem defende os que têm os salários mais baixos? Quem defende os que não se encontram nas listas de promoção deste e de outros anos, umas publicadas outras não, e cujos salários são muito inferiores? Quem promove todos estes trabalhadores? Quem se lembra que os que vivem com menos recursos são aqueles que as crises mais afectam? Ou será que aqueles que mais têm se tiverem um pouco mais esgotam os que têm capacidade para reivindicar? E por fim, quem defende os que foram e hão-de continuar a ser preteridos nos concursos de acesso aos empregos municipais e que comprovadamente são mais competentes?
Cegueira ou tolice? Nem uma nem outra, apenas timidez na capacidade de decidir ou discriminação na hora de optar.
António Franco
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