Luís Pargana
Saúde pública
Interesses privados
.
Parece estar aberta a “guerra de influências” para a gestão da Unidade Local de Saúde do Norte Alentejano.
Esta estrutura tem um carácter pioneiro no nosso País uma vez que engloba numa única entidade directiva, a administração dos dois hospitais do distrito, o de Portalegre e o de Elvas, bem como dos 16 centros de saúde do distrito de Portalegre.
Gerir uma rede de equipamentos de saúde, num território mais ou menos alargado pode representar uma mais-valia na rentabilização dos recursos, tanto técnicos como humanos, melhorando a prestação de cuidados de saúde às populações.
No entanto, está também mais permeável a interesses particulares, seja por lógicas de política partidária, por bairrismos, ambições pessoais, ou outras que pouco ou nada têm a ver com a qualidade e a universalidade do serviço público a que o Serviço Nacional de Saúde está obrigado.
Todos sabemos que a rede de serviços públicos de saúde tem sido um dos principais focos de instabilidade social dos governos de José Sócrates: o encerramento das maternidades, a redução dos horários de funcionamento dos centros de saúde, as lógicas economicistas impostas ao transporte de doentes, com a “falência técnica” de várias corporações de Bombeiros que tinham investido na qualidade das viaturas e dos meios técnicos, enfim, toda uma estratégia centralizadora na organização do sistema nacional de saúde.
Ora, esta estratégia nada de bom pode trazer a um distrito com a extensão de Portalegre e a uma região que representa mais de um terço do território do País e apenas 5% da sua população. A guerra de interesses torna-se quase uma “luta pela sobrevivência” numa região altamente prejudicada pelas políticas centralizadoras de sucessivos governos.
E é, assim, neste quadro que assistimos ao prolongamento por vários meses da situação demissionária do ainda Presidente do Conselho de Administração, o Dr. Luís Ribeiro e à movimentação de interesses em torno da nomeação do seu substituto que continua adiada pela dificuldade de conciliar esses mesmos interesses.
O anúncio da sua demissão quebrou o equilíbrio intradistrital e regional que existia neste Conselho de Administração e é com preocupação que assistimos ao desfilar de nomes do seu putativo substituto: Primeiro o de Escarameia de Sousa, contestado pelos interesses de Elvas e de Évora por ser um nome de Portalegre, agora o de António Guerreiro que representa os interesses de Évora, do seu Hospital e de poderosos lóbis de influência regional, como é o caso do liderado pelo deputado Carlos Zorrinho.
António Guerreiro, actual vogal executivo no Conselho de Administração da ULSNA, contará com o apoio conjuntural dos interesses do Hospital de Elvas, apostados em retirar valências ao Hospital de Portalegre, e do Hospital de Évora, que se quer afirmar como o hospital central de toda a região.
Como se adivinha, Portalegre só tem a perder com esta “guerra de poder” que se tem vindo a desenrolar em surdina, nos meios hospitalares e nos bastidores políticos da região.
Uma nota de esperança neste conflito foi a iniciativa dos municípios do distrito de Portalegre em elegerem um autarca que os represente no Conselho de Administração da Unidade Local de Saúde – o Dr. Hugo Capote, médico no Hospital de Portalegre e Vereador na sua Câmara Municipal.
Ainda que sem direito a voto, este representante dos municípios garante, desde logo, a defesa dos interesses das populações e a sua aproximação às estruturas de saúde do distrito. Por outro lado, sendo um médico que conhece bem as questões da saúde e os problemas e potencialidades do Hospital de Portalegre poderá representar algum reequilíbrio, nesta luta pelo poder na Unidade Local de Saúde do Norte Alentejano, aumentando a pressão e fiscalização em relação a interesses alheios às necessidades de saúde das populações do distrito.
Não deixa de ser curioso que a eleição de Hugo Capote, vereador da CDU, reuniu o consenso dos autarcas do distrito, tendo partido de uma proposta apresentada pelo Presidente da Câmara de Portalegre. Prova-se, assim, que quando toca a defender interesses comuns das populações, as querelas partidárias podem bem ser postas de lado assumindo-se as melhores medidas para as melhores soluções.
A terminar este desabafo não posso deixar de dar uma nota relativa à minha crónica da semana passada. Referia então o conflito que existia na Câmara de Nisa, onde uma oposição obstinada inviabilizava as medidas de gestão fundamentais para a administração do Município – as grandes opções do plano, o orçamento e o mapa de pessoal.
Pois bem, um dia depois a oposição reviu o seu posicionamento e alterou o braço de ferro que vinha mantendo há meses. Saiu ganhar a democracia e a dignidade do poder local.
Pode começar, agora, o debate político.
Esta estrutura tem um carácter pioneiro no nosso País uma vez que engloba numa única entidade directiva, a administração dos dois hospitais do distrito, o de Portalegre e o de Elvas, bem como dos 16 centros de saúde do distrito de Portalegre.
Gerir uma rede de equipamentos de saúde, num território mais ou menos alargado pode representar uma mais-valia na rentabilização dos recursos, tanto técnicos como humanos, melhorando a prestação de cuidados de saúde às populações.
No entanto, está também mais permeável a interesses particulares, seja por lógicas de política partidária, por bairrismos, ambições pessoais, ou outras que pouco ou nada têm a ver com a qualidade e a universalidade do serviço público a que o Serviço Nacional de Saúde está obrigado.
Todos sabemos que a rede de serviços públicos de saúde tem sido um dos principais focos de instabilidade social dos governos de José Sócrates: o encerramento das maternidades, a redução dos horários de funcionamento dos centros de saúde, as lógicas economicistas impostas ao transporte de doentes, com a “falência técnica” de várias corporações de Bombeiros que tinham investido na qualidade das viaturas e dos meios técnicos, enfim, toda uma estratégia centralizadora na organização do sistema nacional de saúde.
Ora, esta estratégia nada de bom pode trazer a um distrito com a extensão de Portalegre e a uma região que representa mais de um terço do território do País e apenas 5% da sua população. A guerra de interesses torna-se quase uma “luta pela sobrevivência” numa região altamente prejudicada pelas políticas centralizadoras de sucessivos governos.
E é, assim, neste quadro que assistimos ao prolongamento por vários meses da situação demissionária do ainda Presidente do Conselho de Administração, o Dr. Luís Ribeiro e à movimentação de interesses em torno da nomeação do seu substituto que continua adiada pela dificuldade de conciliar esses mesmos interesses.
O anúncio da sua demissão quebrou o equilíbrio intradistrital e regional que existia neste Conselho de Administração e é com preocupação que assistimos ao desfilar de nomes do seu putativo substituto: Primeiro o de Escarameia de Sousa, contestado pelos interesses de Elvas e de Évora por ser um nome de Portalegre, agora o de António Guerreiro que representa os interesses de Évora, do seu Hospital e de poderosos lóbis de influência regional, como é o caso do liderado pelo deputado Carlos Zorrinho.
António Guerreiro, actual vogal executivo no Conselho de Administração da ULSNA, contará com o apoio conjuntural dos interesses do Hospital de Elvas, apostados em retirar valências ao Hospital de Portalegre, e do Hospital de Évora, que se quer afirmar como o hospital central de toda a região.
Como se adivinha, Portalegre só tem a perder com esta “guerra de poder” que se tem vindo a desenrolar em surdina, nos meios hospitalares e nos bastidores políticos da região.
Uma nota de esperança neste conflito foi a iniciativa dos municípios do distrito de Portalegre em elegerem um autarca que os represente no Conselho de Administração da Unidade Local de Saúde – o Dr. Hugo Capote, médico no Hospital de Portalegre e Vereador na sua Câmara Municipal.
Ainda que sem direito a voto, este representante dos municípios garante, desde logo, a defesa dos interesses das populações e a sua aproximação às estruturas de saúde do distrito. Por outro lado, sendo um médico que conhece bem as questões da saúde e os problemas e potencialidades do Hospital de Portalegre poderá representar algum reequilíbrio, nesta luta pelo poder na Unidade Local de Saúde do Norte Alentejano, aumentando a pressão e fiscalização em relação a interesses alheios às necessidades de saúde das populações do distrito.
Não deixa de ser curioso que a eleição de Hugo Capote, vereador da CDU, reuniu o consenso dos autarcas do distrito, tendo partido de uma proposta apresentada pelo Presidente da Câmara de Portalegre. Prova-se, assim, que quando toca a defender interesses comuns das populações, as querelas partidárias podem bem ser postas de lado assumindo-se as melhores medidas para as melhores soluções.
A terminar este desabafo não posso deixar de dar uma nota relativa à minha crónica da semana passada. Referia então o conflito que existia na Câmara de Nisa, onde uma oposição obstinada inviabilizava as medidas de gestão fundamentais para a administração do Município – as grandes opções do plano, o orçamento e o mapa de pessoal.
Pois bem, um dia depois a oposição reviu o seu posicionamento e alterou o braço de ferro que vinha mantendo há meses. Saiu ganhar a democracia e a dignidade do poder local.
Pode começar, agora, o debate político.
9 de Fevereiro de 2010
Luís Pargana
Luís Pargana
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