\ A VOZ PORTALEGRENSE: Mário Silva Freire

quinta-feira, janeiro 14, 2010

Mário Silva Freire

O BEM COMUM – 6
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A educação da liberdade
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A educação da liberdade foi outro tema educacional que se tratou no congresso de Aveiro, em Novembro passado, e de que se tem vindo a falar em artigos anteriores. A liberdade é uma das características que está intimamente ligada à condição humana. Retirar a liberdade a alguém é retirar-lhe parte da sua dignidade. Uma pessoa presa está privada do exercício pleno das suas potencialidades; por isso, essa privação, atingindo-a profundamente na essência da sua humanidade, foi considerada pela sociedade uma maneira de a ressarcir por um crime cometido. Mas esse dom da liberdade precisa de ser educado.
A liberdade traduz-se na possibilidade de fazer escolhas e tomar decisões. Ora, na base destas encontram-se algumas variáveis das quais se destacam a informação e os valores. Não se podem tomar decisões adequadas se não houver uma informação acerca do assunto sobre que se vai decidir. A ignorância encontra-se na base de muitas escolhas inadequadas, erradas ou perniciosas. Por isso, educar a liberdade significa proporcionar e adquirir informação.
Mas não basta estar-se informado para se fazerem boas escolhas. Estas, se dizem respeito a decisões estruturantes da vida, relativas ao próprio ou aos outros, têm a impregná-las os valores. Significa isto que se tomam decisões, também, em função daquilo que cada um considera valioso e que orienta o seu modo de viver. Assim, não é indiferente, de acordo com os valores que cada um possui, abortar ou não uma gravidez.
É na família que a criança começa a exercitar a liberdade. É neste espaço que ela passa a entender que fazer tudo o que quer nem sempre é bom para ela nem para os outros. Por isso, educar a liberdade inclui o desenvolvimento da virtude da obediência. Uma criança indisciplinada ficará, no futuro, limitada no uso de uma liberdade autêntica.
A escola é outro espaço educacional onde a liberdade deve ser educada. A criança em idade escolar começa a adquirir o raciocínio lógico. Por isso, ela e o adolescente, podendo usar a razão, devem ser incentivados a fazerem as suas escolhas, dentro de um quadro normativo que os envolve, e a sentirem as consequências dessas mesmas escolhas.
Educa-se a liberdade, afinal, promovendo o respeito por si próprio e pelos outros, incentivando as tomadas de decisão mas ensinando a assumir as responsabilidades que delas decorrem.

Mário Freire

in, O Distrito de Portalegre, 14 de Janeiro de 2010, p.6