Luís Filipe Meira
Clássico da literatura portuguesa e um dos expoentes do romantismo português, «Amor de Perdição», escrito em 1861 por Camilo Castelo Branco, é um romance intemporal assente em relações amorosas intensas que terminam em tragédia. Talvez por isso, este romance de Camilo sempre foi objecto de diversas adaptações para cinema e televisão.
Em 1921, Georges Pallu apresenta a primeira adaptação ao cinema ainda em versão muda.
A 8 de Outubro de 1943 estreia no Coliseu do Porto a versão de António Lopes Ribeiro, com António Vilar e Carmen Dolores. Esta adaptação é considerada ainda hoje como um dos filmes chave dos ‘Anos de Ouro’ do cinema português.
A 25 de Novembro de 1979, no cinema Quarteto, Manuel de Oliveira apresenta a sua visão de Amor de Perdição, com António Sequeira Lopes, Cristina Hauser e Elsa Wallenkamp como protagonistas. Desta fita foi também feita uma versão televisiva, que terá contribuído decididamente para uma precoce má aceitação do filme.
Apresentado primeiro em televisão por exigência da RTP, que o tinha subsidiado parcialmente, foi retalhado em 6 episódios, tendo mostrado debilidades diversas, pois não tinha sido rodado para televisão.
As críticas negativas foram mais que muitas, levantando desconfiança tal, que até Manoel de Oliveira foi posto em causa.
Dois anos depois o filme seria exibido em Paris, onde teve honras de primeira página no Le Monde, sendo apresentado em vários Festivais Internacionais com a maior aceitação, o que levou a apaziguar a polémica e ao reconhecimento dos seus indiscutíveis méritos, aquando da estreia em sala em Novembro do ano de 79.
Em 2008, Mário Barroso, colaborador habitual de Oliveira e de João César Monteiro, apresenta uma versão livre da obra de Camilo Castelo Branco, versão esta que intuiu este texto, pois além dos elogios recolhidos em diversos festivais, é o candidato oficial português à nomeação na 82.ª edição dos Óscares em 2010.
A versão em DVD também já está disponível. Esta adaptação livre de «Amor de Perdição», transporta o amor de Simão e Teresa para os dias de hoje, utilizando uma visão estética na linha utilizada por Baz Luhurmann em Romeu e Julieta em 1997.
É verdade, e ainda bem, que Barroso é mais contido que Luhurmann. Se em Romeu e Julieta a violência é transversal e está omnipresente, em «Um Amor de Perdição» apenas aparece a espaços e sempre alternando com momentos de beleza indescritível.
O filme, apesar de toda a tragédia latente, é extraordinariamente belo. É protagonizado por quatro jovens actores muito interessantes e muito bem dirigidos. A música de Bernardo Sassetti não podia ser melhor.
Naturalmente que o Óscar será sempre uma miragem, mas isso certamente que não vai ser relevante na obra deste realizador, que ao 2º filme – o 1º é «O Milagre de Salomé» (2004) – já proporciona ao espectador momentos tão intensos e tão bem filmados.
Em 1921, Georges Pallu apresenta a primeira adaptação ao cinema ainda em versão muda.
A 8 de Outubro de 1943 estreia no Coliseu do Porto a versão de António Lopes Ribeiro, com António Vilar e Carmen Dolores. Esta adaptação é considerada ainda hoje como um dos filmes chave dos ‘Anos de Ouro’ do cinema português.
A 25 de Novembro de 1979, no cinema Quarteto, Manuel de Oliveira apresenta a sua visão de Amor de Perdição, com António Sequeira Lopes, Cristina Hauser e Elsa Wallenkamp como protagonistas. Desta fita foi também feita uma versão televisiva, que terá contribuído decididamente para uma precoce má aceitação do filme.
Apresentado primeiro em televisão por exigência da RTP, que o tinha subsidiado parcialmente, foi retalhado em 6 episódios, tendo mostrado debilidades diversas, pois não tinha sido rodado para televisão.
As críticas negativas foram mais que muitas, levantando desconfiança tal, que até Manoel de Oliveira foi posto em causa.
Dois anos depois o filme seria exibido em Paris, onde teve honras de primeira página no Le Monde, sendo apresentado em vários Festivais Internacionais com a maior aceitação, o que levou a apaziguar a polémica e ao reconhecimento dos seus indiscutíveis méritos, aquando da estreia em sala em Novembro do ano de 79.
Em 2008, Mário Barroso, colaborador habitual de Oliveira e de João César Monteiro, apresenta uma versão livre da obra de Camilo Castelo Branco, versão esta que intuiu este texto, pois além dos elogios recolhidos em diversos festivais, é o candidato oficial português à nomeação na 82.ª edição dos Óscares em 2010.
A versão em DVD também já está disponível. Esta adaptação livre de «Amor de Perdição», transporta o amor de Simão e Teresa para os dias de hoje, utilizando uma visão estética na linha utilizada por Baz Luhurmann em Romeu e Julieta em 1997.
É verdade, e ainda bem, que Barroso é mais contido que Luhurmann. Se em Romeu e Julieta a violência é transversal e está omnipresente, em «Um Amor de Perdição» apenas aparece a espaços e sempre alternando com momentos de beleza indescritível.
O filme, apesar de toda a tragédia latente, é extraordinariamente belo. É protagonizado por quatro jovens actores muito interessantes e muito bem dirigidos. A música de Bernardo Sassetti não podia ser melhor.
Naturalmente que o Óscar será sempre uma miragem, mas isso certamente que não vai ser relevante na obra deste realizador, que ao 2º filme – o 1º é «O Milagre de Salomé» (2004) – já proporciona ao espectador momentos tão intensos e tão bem filmados.
Luís Filipe Meira
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Um Amor de Perdição
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Com António Sequeira Lopes (Simão Botelho), Cristina Hauser (Teresa de Albuquerque) (realizador), Elsa Wallenkamp (Mariana), António J., Costa (João da Cruz), Henrique Viana (Tadeu de Albuquerque), Maria Dulce (D. Rita Caldeirão) e Ruy Furtado (Domingos Botelho).
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