\ A VOZ PORTALEGRENSE: Luís Filipe Meira

quarta-feira, outubro 21, 2009

Luís Filipe Meira

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Sons do Mundo 2009 - 2.ª parte
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Os Resistentes
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Cumpriu-se no passado fim-de-semana o 2º e último capítulo do Festival Sons do Mundo que de há 4 anos para cá é organizado pelo CAEP.
Sem o brilho de outros anos, sem um grande concerto e com pouca adesão de publico podemos dizer que o festival deste ano cumpriu os serviços mínimos pois também terá tido um orçamento à medida da crise em que vamos vivendo. Mesmo assim ouviu-se boa música na sala da Praça da Republica.
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UXU KALHUS / Portugal

Não tive oportunidade de assistir a actuação deste grupo português, que mistura os sons e os temas mais tradicionais da música popular portuguesa com ritmos de jazz, rock e mesmo hip hop ou drum & bass.
Foram, ao que me disseram, uma boa surpresa.

LAFRA / Croácia, Hungria, Bulgária
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Os Lafra foram o melhor grupo do festival, não deslumbraram mas foram competentes e entusiasmaram o pouco público presente. Verdadeira multinacional da zona dos Balcãs formada por excelentes músicos, guiaram-nos numa viagem empenhada pela música de matriz mais tradicional daquela zona geográfica.

IBN BATTUTA / Marrocos, Espanha

Os Ibn Battuta, cujo nome é inspirado por um viajante e explorador marroquino, apresentaram-se em trio a um público não muito numeroso e por vezes desatento.
Grande parte do concerto assenta em temas de fino recorte melódico e talvez demasiado intimistas para aquele espaço de Café-Concerto.
Foram os temas de forte percussão que motivaram a adesão e atenção do público, que entre os cigarros, as minis e a conversa se mostrava demasiado disperso.
A música dos Ibn Battuta não é de grande intensidade, logo é pouco galvanizadora. Ainda assim é bela e pode ser particularmente interessante noutras condições

Já ficou dito que esta 4ª edição dos Sons do Mundo, não foi nem andou perto do brilhantismo. Terão contribuído para isso factores económicos e políticos.
Por vezes tenho a sensação que há pessoas que não gostam do executivo camarário que, apesar de gostarem imenso de música, não frequentam o CAEP. Talvez com receio que a sua presença possa caucionar a actual gestão do centro, o que é – se é que tenho razão – perfeitamente ridículo. É óbvio que a inércia, o comodismo e a pouca vontade de arriscar são motivos não despiciendos para tão fraca adesão.
Salvaram-se os resistentes, aqueles que gostam, mesmo, de música, aqueles que mesmo sem conhecerem as propostas vão arriscando, nem que seja para dizerem, que a coisa, apesar de ter estado sempre em terreno positivo, não foi brilhante.
Haja esperança, que melhores dias hão-de vir.
Luís Filipe Meira