\ A VOZ PORTALEGRENSE: Luís Filipe Meira

segunda-feira, julho 27, 2009

Luís Filipe Meira

Espírito de Verão - II
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Acabei de regressar de Sines e Porto Covo, onde passei uns dias excelentes e preguiçosos, como é de bom-tom para um alentejano em férias. De manhã na cama e praia à tarde, ao chegar o pôr-do-sol deliciava-me com a fantástica gastronomia da região.
Caída a noite, começava a festa da música. Sines e Porto Covo receberam entre 17 e 25 do corrente mês de Julho o 11º Festival Músicas do Mundo Sines (11º FMM SINES), festival que está referenciado como um dos mais importantes do mundo dedicado à World Music, tema que abordarei em próximo texto.

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Aproveitei estes dias também para pôr as leituras em dia, e assim terminei «Leite Derramado», o novo livro de Chico Buarque, enorme compositor brasileiro com diversas e bem sucedidas incursões na literatura, que o elevaram sem favor ao estatuto de escritor.
Este último romance de Chico Buarque foi muito bem recebido pela crítica e publico português. Não gerou no entanto unanimidade no país natal, tendo mesmo aqui e ali suscitado posições extremadas, com apoios e rejeições por vezes violentas.
Não me sinto à vontade para considerar «Leite Derramado» um romance extraordinário. Posso no entanto dizer que é um livro de leitura fácil, divertida e interessada, mas sem viciar.
A história, contada em memórias delirantes pelo velho Eulálio, que jaz numa cama de um hospital público, discorre pela ascensão e queda de uma família tradicional, cuja existência se confunde com a história do Brasil desde os ancestrais portugueses até aos dias de hoje.
Reitero a minha incapacidade de análise para considerar ou não «Leite Derramado» como um livro maior, como o fez Samuel Titan no jornal “Estado de S. Paulo”, ou como José Castello que no jornal “O Globo” o considerou um dos mais importantes romances brasileiros desta primeira década do século XXI. Serei mais modesto no meu elogio; e se gosta das canções de Chico Buarque, então vai adorar este «Leite Derramado».

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Enquanto escrevia este texto fui ouvindo Bill Callahan e o novo «Sometimes I Wish We Were an Eagle». Juro que não há conotações benfiquistas de qualquer espécie com esta águia.
“I Wish We Were” … é uma pequena pérola e um segredo que se deve guardar entre pessoas de bom gosto. Ideal para um tranquilo final de tarde.

Luís Filipe Meira