Autárquicas 2009 - Portalegre
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Devem lembrar-se os portalegrenses mais atentos às coisas da cultura de uma série de crónicas, saborosíssimas, que o Dr. Fernando Correia Pina publicou há anos no jornal Fonte Nova. Ao tempo, sob a designação geral de Postal da Barilândia, alguns desses irónicos escritos de intervenção levantaram polémica no burgo, ofendendo a púdica consciência de certos cidadãos.
Agora, o post Panem et Circenses faz-nos recordar mais um Postal da Barilândia. De facto, só uma terra como esta, uma Portalegre no estado lastimoso a que chegou, é que pode levar a sério, sem gargalhada geral, que um candidato autárquico auto-proclame a cerimónia pública de divulgação da sua equipa para mais um mandato, que deveria ser digna e séria embora sem escusadas solenidades, como um momento de música e gastronomia. Para isso, bolas, temos o festival do Crato que vem já, já a seguir e é, certamente, muito melhor e com provas dadas.
Obviamente, comer e beber de borla ainda atrai muita gente. O pior, para o candidato, é se a maior parte dos borlistas comilões lá for apenas para encher a pança e, como se diz dos peixes espertalhões, comer o isco para depois, com vossa licença, cagar no anzol.
Pode muito bem acontecer e seria muito bem feito.
Estes truques reles e baixos de chico-esperto podem afinal significar algum desespero.
Será que alguém de bom senso pode acreditar que, num repente, um responsável que já está instalado há sete anos e meio numa medíocre cadeira do poder se possa transformar por artes mágicas num eficaz e atento condutor dos destinos desta terra? Tirando o contraditório folclore do Polis, a sua actividade reduz-se a duas ou três medidas eficazes com real significado nos destinos de Portalegre. O resto é puro desperdício, o que é pouco, muito pouco, para tanto tempo e na companhia de tanta, tanta gente. Fora isso, fica-nos um discurso atabalhoado, sempre diferente conforme a inspiração de cada momento, mais cheio de promessas que de realizações concretas, delirante por vezes e pouco realista, como se passa com a presente ameaça de demolição do Estádio Municipal, simples exemplo destes inconsequentes desvarios.
Há uns dias estabeleceu-se nesta página um esboço de discussão em torno da cultura local, sob a forma de oportunos e judiciosos comentários. Este tema é outro significativo exemplo do estado a que chegaram os valores portalegrenses, mas não é este o local nem o pretexto para prolongar a análise a um tema fundamental que, assim se espera, a próxima campanha eleitoral possa abordar e discutir, incluindo-se aqui a complexa promiscuidade “cultural” duma organização distante e enigmática que dá pelo nome de Fundação Robinson.
Faz o senhor administrador deste blog uma abordagem às perspectivas autárquicas que se abrem à comunidade portalegrense, a partir das candidaturas anunciadas. É fácil concordar-se com quase todas as considerações a propósito tecidas.
O que vai restar dos rituais folclóricos que se seguem? Seguramente, algo de diferente, mas nunca o ideal para um futuro de esperança autêntica para a nossa desgraçada Portalegre.
A próxima edilidade vai integrar novos rostos, novas visões sobre as estratégias e prioridades para o Concelho e para a Cidade, novas posturas perante os desafios que se avizinham. Novas e eficazes políticas, também?
O progresso não se conquista nos comes e bebes nem nos estribilhos de campanha. E, destes, os dois já conhecidos merecem algum curto comentário.
O mesmo rumo toda a diferença – diz-nos um. É tempo de mudar para melhor – anuncia-nos o outro. É óbvio que nos conquista muito mais este do que aquele, independentemente das suas respectivas referências.
O cidadão portalegrense anseia sempre por mudar para melhor, enquanto pode ficar algo baralhado se alguém lhe promete que vai assegurar toda a diferença mantendo o mesmíssimo rumo que nenhuma diferença, para melhor, produziu no passado recente. E isto nem sequer é política, é apenas língua portuguesa que, como se sabe, é muito traiçoeira.
Outra análise, mais vernácula e remetendo para a velha sabedoria popular, faz-nos pensar que desta feita nem sequer as moscas mudariam...
E, quando nos surge pela frente um cartaz onde alguém que, num passsado civil já distante, sempre se destacou pela iniciativa e pelo dinamismo, apetece-nos berrar:
- Ó homem, descruza os braços, porra, e faz alguma coisa de jeito!
Em suma, parafraseando o grande estadista e político norteamericano Abraham Lincoln (1809-1865), lembra-se a propósito desta recandidatura uma célebre máxima do antigo presidente dos Estados Unidos, proferida durante os tempos difíceis da sua Guerra Civil:
_ Podeis enganar toda a gente durante um certo tempo; podeis mesmo enganar algumas pessoas todo o tempo; mas não vos será possível enganar sempre toda a gente.
Agora, o post Panem et Circenses faz-nos recordar mais um Postal da Barilândia. De facto, só uma terra como esta, uma Portalegre no estado lastimoso a que chegou, é que pode levar a sério, sem gargalhada geral, que um candidato autárquico auto-proclame a cerimónia pública de divulgação da sua equipa para mais um mandato, que deveria ser digna e séria embora sem escusadas solenidades, como um momento de música e gastronomia. Para isso, bolas, temos o festival do Crato que vem já, já a seguir e é, certamente, muito melhor e com provas dadas.
Obviamente, comer e beber de borla ainda atrai muita gente. O pior, para o candidato, é se a maior parte dos borlistas comilões lá for apenas para encher a pança e, como se diz dos peixes espertalhões, comer o isco para depois, com vossa licença, cagar no anzol.
Pode muito bem acontecer e seria muito bem feito.
Estes truques reles e baixos de chico-esperto podem afinal significar algum desespero.
Será que alguém de bom senso pode acreditar que, num repente, um responsável que já está instalado há sete anos e meio numa medíocre cadeira do poder se possa transformar por artes mágicas num eficaz e atento condutor dos destinos desta terra? Tirando o contraditório folclore do Polis, a sua actividade reduz-se a duas ou três medidas eficazes com real significado nos destinos de Portalegre. O resto é puro desperdício, o que é pouco, muito pouco, para tanto tempo e na companhia de tanta, tanta gente. Fora isso, fica-nos um discurso atabalhoado, sempre diferente conforme a inspiração de cada momento, mais cheio de promessas que de realizações concretas, delirante por vezes e pouco realista, como se passa com a presente ameaça de demolição do Estádio Municipal, simples exemplo destes inconsequentes desvarios.
Há uns dias estabeleceu-se nesta página um esboço de discussão em torno da cultura local, sob a forma de oportunos e judiciosos comentários. Este tema é outro significativo exemplo do estado a que chegaram os valores portalegrenses, mas não é este o local nem o pretexto para prolongar a análise a um tema fundamental que, assim se espera, a próxima campanha eleitoral possa abordar e discutir, incluindo-se aqui a complexa promiscuidade “cultural” duma organização distante e enigmática que dá pelo nome de Fundação Robinson.
Faz o senhor administrador deste blog uma abordagem às perspectivas autárquicas que se abrem à comunidade portalegrense, a partir das candidaturas anunciadas. É fácil concordar-se com quase todas as considerações a propósito tecidas.
O que vai restar dos rituais folclóricos que se seguem? Seguramente, algo de diferente, mas nunca o ideal para um futuro de esperança autêntica para a nossa desgraçada Portalegre.
A próxima edilidade vai integrar novos rostos, novas visões sobre as estratégias e prioridades para o Concelho e para a Cidade, novas posturas perante os desafios que se avizinham. Novas e eficazes políticas, também?
O progresso não se conquista nos comes e bebes nem nos estribilhos de campanha. E, destes, os dois já conhecidos merecem algum curto comentário.
O mesmo rumo toda a diferença – diz-nos um. É tempo de mudar para melhor – anuncia-nos o outro. É óbvio que nos conquista muito mais este do que aquele, independentemente das suas respectivas referências.
O cidadão portalegrense anseia sempre por mudar para melhor, enquanto pode ficar algo baralhado se alguém lhe promete que vai assegurar toda a diferença mantendo o mesmíssimo rumo que nenhuma diferença, para melhor, produziu no passado recente. E isto nem sequer é política, é apenas língua portuguesa que, como se sabe, é muito traiçoeira.
Outra análise, mais vernácula e remetendo para a velha sabedoria popular, faz-nos pensar que desta feita nem sequer as moscas mudariam...
E, quando nos surge pela frente um cartaz onde alguém que, num passsado civil já distante, sempre se destacou pela iniciativa e pelo dinamismo, apetece-nos berrar:
- Ó homem, descruza os braços, porra, e faz alguma coisa de jeito!
Em suma, parafraseando o grande estadista e político norteamericano Abraham Lincoln (1809-1865), lembra-se a propósito desta recandidatura uma célebre máxima do antigo presidente dos Estados Unidos, proferida durante os tempos difíceis da sua Guerra Civil:
_ Podeis enganar toda a gente durante um certo tempo; podeis mesmo enganar algumas pessoas todo o tempo; mas não vos será possível enganar sempre toda a gente.
Dom Quixote
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