\ A VOZ PORTALEGRENSE: Desabafos

sexta-feira, março 16, 2007

Desabafos

Portugal foi apoiante da América de George W. Bush na invasão do Iraque. Por exemplo, quem não recorda José Manuel Durão Barroso na figura de porteiro no que ficou conhecido como a Cimeira das Lajes, ao receber José Maria Aznar, Tony Blair e W. Bush, alcançando como prémio por ter ficado à porta, figurar na fotografia de grupo.
Na altura o Governo de Portugal assumiu com todo o vigor a defesa da invasão, enquanto do Brasil a Timor, da Rússia ao Vaticano, se lembrava que a ONU não sancionara aquela invasão, pelo que não tinha a necessária legitimidade internacional. Mas o actual Governo não alterou em substância a posição de Portugal no conflito.
A situação no Iraque é cada dia que passa mais instável, a ponto de altos responsáveis americanos e ingleses assumirem a derrota militar e política, esperando a melhor oportunidade para abandonarem aquele país, deixando-o de vez à sua sorte.
E a razão do apoio do governo de Portugal à ilegítima invasão do Iraque não tinha por base razões políticas. Embora os políticos falassem em armas de destruição massiva, ditadura, genocídio, a verdadeira razão era de natureza económica.
Portugal, país sem empresas de grande dimensão que pudessem disputar o negócio do petróleo, “jogou” na reconstrução do país, depois da destruição que americanos, australianos e ingleses fariam à medida que caminhavam para Bagdade. Julgava-se que empresas, principalmente de construção civil, iriam fazer negócios das “mil e uma noites” com os iraquianos.
Tudo se revelou fantasioso, e agora o governo português encerra a embaixada, devido aos enormes custos da segurança que acarreta.
É caso para resumir a presença de Portugal no Iraque ocupado como “entradas de leão, saídas de sendeiro”.

MCNM
in, Rádio Portalegre, Desabafos, 16/03/07