Nuno Narciso na Terra de Zoroastro
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Antes de abalar, Nuno Narciso olhou-se uma vez mais no espelho e disse para consigo: _ “Como sou belo e inteligente!”.
De facto, assim se sentia e se considerava do alto da sua grande modéstia, ele que antes de partir tinha falado com Fulano, Beltrano e Sicrano, e a todos tinha contado uma história diferente, de maneira a ‘ir e vir’ sem se comprometer com nenhum, ou com nada… Era indiscutivelmente mais esperto que os outros.
E Nuno Narciso lá foi de avião, depois de ter falado com o embaixador da terra em que seria ilustre convidado de honra, como convinha, claro! Mas também falara com o embaixador daquele país que se dizia polícia do mundo e que de tempos a tempos lhe dava umas ‘verdinhas’ para ele dizer bem da administração policial mundial. E também falara com o embaixador do país que por sua vez determinava a política externa do país polícia do mundo, que não lhe dava ‘verdinha’ alguma, sempre muito poupado, mas que enviava a conta ao tal outro para que lhe desse as tão bem-queridas ‘verdinhas’, de que ele Nuno Narciso tanto gostava, se bem que menos do que gostava da sua pessoa. Mas o seu saudoso padrinho, o Marcello, também fazia um gosto enorme na sua pessoa, por isso não há com que se preocupar.
Bem, mas também tinha ido pedir a bênção a uma senhora, que no fundo era quem realmente mandava, e instruções. E ela tinha lido o grandiloquente discurso que iria proferir numa conferência onde só haveria néscios, e com umas pequenas rasuras tinha sido aprovado por unanimidade. Contudo, o verdadeiro, o que de facto iria ler era um pouco diferente, mas ela, que se julgava a dona do mundo, nunca saberia a verdade.
E lá aterrou na terra que o recebia com todas as urbanidades, depois de na viagem, cansativa, ter posto em ordem as suas ideias quanto ao magno tema que iria abordar, e cujo discurso que iria pronunciar colocaria a seus pés toda a audiência.
Mas, o que Nuno Narciso não esperava é que lá também estava um seu patrício. Se bem que não tão belo como ele, o outro era gordo, e de certeza menos inteligente, claro, sentia que dali não viria nada de bom para o seu prestígio de intelectual famoso, estratega militar de elite e bem-falante.
Mas isso não o incomodaria muito. Se ele tinha atribuído uma condecoração a Ernst Jünger que ninguém conhecia, também naquela terra de bárbaros, podia muito bem ignorar o gordo, e fosse o que deus, bem, deus não que Nuno Narciso já não acreditava nessa coisa de religião, que não passa de ópio para uns e consolo para os fracos.
O certo é que aquele gordo lhe fazia impressão, incomodava-o, mas não conseguia encontrar a razão para tanta aversão.
E agora, para piorar as coisas, não é que estava lá um americano que ele detestava desde que tinha aderido ao politicamente correcto e rompera com os ideais antigos, coisa de pechisbeque, dizia. Com iria sair daquela embrulhada?
O tal gordo enviava para a sua terra correspondência em que relatava o andamento da conferência, e se ele reproduzisse o que iria dizer?
E, se o pensou melhor o fez! O nome estava errado na lista da conferência. Em vez de Nuno Narciso, estava escrito Nono Rogirio. Que sorte! Aliás, ele sempre tivera sorte na vida, e para ser plenamente feliz só lhe faltava ganhar o jackpot do euromilhões, mas em ‘verdinhas’!…
E vai de publicar uma versão do texto que era para ter lido na malfadada conferência no seu blogue. E com o acrescento de uns ataques aos anfitriões tudo se resolveria, saindo uma vez mais bem da situação criada, ólarilas! A senhora-chefa faria as pazes com ele, que agora era um mártir do nazi-fascismo e um herói da resistência anti-fascista. Uma obra de mestre! Que inteligência a sua!
Quanto ao gordo, se não se calasse, pedia ao Jaiminho da Mana que lhe dispensasse um ou dois funcionários lá da loja e o tipo levava um susto que lhe ficaria de emenda. É que com Nuno Narciso ninguém se mete!
De facto, assim se sentia e se considerava do alto da sua grande modéstia, ele que antes de partir tinha falado com Fulano, Beltrano e Sicrano, e a todos tinha contado uma história diferente, de maneira a ‘ir e vir’ sem se comprometer com nenhum, ou com nada… Era indiscutivelmente mais esperto que os outros.
E Nuno Narciso lá foi de avião, depois de ter falado com o embaixador da terra em que seria ilustre convidado de honra, como convinha, claro! Mas também falara com o embaixador daquele país que se dizia polícia do mundo e que de tempos a tempos lhe dava umas ‘verdinhas’ para ele dizer bem da administração policial mundial. E também falara com o embaixador do país que por sua vez determinava a política externa do país polícia do mundo, que não lhe dava ‘verdinha’ alguma, sempre muito poupado, mas que enviava a conta ao tal outro para que lhe desse as tão bem-queridas ‘verdinhas’, de que ele Nuno Narciso tanto gostava, se bem que menos do que gostava da sua pessoa. Mas o seu saudoso padrinho, o Marcello, também fazia um gosto enorme na sua pessoa, por isso não há com que se preocupar.
Bem, mas também tinha ido pedir a bênção a uma senhora, que no fundo era quem realmente mandava, e instruções. E ela tinha lido o grandiloquente discurso que iria proferir numa conferência onde só haveria néscios, e com umas pequenas rasuras tinha sido aprovado por unanimidade. Contudo, o verdadeiro, o que de facto iria ler era um pouco diferente, mas ela, que se julgava a dona do mundo, nunca saberia a verdade.
E lá aterrou na terra que o recebia com todas as urbanidades, depois de na viagem, cansativa, ter posto em ordem as suas ideias quanto ao magno tema que iria abordar, e cujo discurso que iria pronunciar colocaria a seus pés toda a audiência.
Mas, o que Nuno Narciso não esperava é que lá também estava um seu patrício. Se bem que não tão belo como ele, o outro era gordo, e de certeza menos inteligente, claro, sentia que dali não viria nada de bom para o seu prestígio de intelectual famoso, estratega militar de elite e bem-falante.
Mas isso não o incomodaria muito. Se ele tinha atribuído uma condecoração a Ernst Jünger que ninguém conhecia, também naquela terra de bárbaros, podia muito bem ignorar o gordo, e fosse o que deus, bem, deus não que Nuno Narciso já não acreditava nessa coisa de religião, que não passa de ópio para uns e consolo para os fracos.
O certo é que aquele gordo lhe fazia impressão, incomodava-o, mas não conseguia encontrar a razão para tanta aversão.
E agora, para piorar as coisas, não é que estava lá um americano que ele detestava desde que tinha aderido ao politicamente correcto e rompera com os ideais antigos, coisa de pechisbeque, dizia. Com iria sair daquela embrulhada?
O tal gordo enviava para a sua terra correspondência em que relatava o andamento da conferência, e se ele reproduzisse o que iria dizer?
E, se o pensou melhor o fez! O nome estava errado na lista da conferência. Em vez de Nuno Narciso, estava escrito Nono Rogirio. Que sorte! Aliás, ele sempre tivera sorte na vida, e para ser plenamente feliz só lhe faltava ganhar o jackpot do euromilhões, mas em ‘verdinhas’!…
E vai de publicar uma versão do texto que era para ter lido na malfadada conferência no seu blogue. E com o acrescento de uns ataques aos anfitriões tudo se resolveria, saindo uma vez mais bem da situação criada, ólarilas! A senhora-chefa faria as pazes com ele, que agora era um mártir do nazi-fascismo e um herói da resistência anti-fascista. Uma obra de mestre! Que inteligência a sua!
Quanto ao gordo, se não se calasse, pedia ao Jaiminho da Mana que lhe dispensasse um ou dois funcionários lá da loja e o tipo levava um susto que lhe ficaria de emenda. É que com Nuno Narciso ninguém se mete!
MM
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Toda e qualquer semelhança com a realidade, é pura ficção
Toda e qualquer semelhança com a realidade, é pura ficção
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