\ A VOZ PORTALEGRENSE: Crónica de Nenhures

sábado, dezembro 02, 2006

Crónica de Nenhures

O Vaticano e a Europa
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Três dos últimos quatro Chefes de Estado do Vaticano visitaram a Turquia. Aquele que não fez a visita foi João Paulo I, cujo pontificado durou simbólicos trinta e três dias.
Muito significado foi atribuído às três visitas àquele país de fronteira entre dois mundos divididos pela religião. Essa divisão traduz-se em distintas maneiras civilizacionais, onde laicismo e interpretação do Livro Sagrado das duas Religiões fomentam vivências distintas.
Em termos de ecumenismo são visitas históricas, onde a aproximação entre cristãos e muçulmanos é factor de tolerância inter-religiosa. Mas, a presença do chefe dos Cristãos num país onde estes representam 0,4% da população, e onde o ramo Ortodoxo tem assinalável representatividade num país de muçulmanos, é sempre uma visita de risco.
Contudo, se não fossem afirmações de natureza político-cultural sobre a Turquia e a Europa proferidas pelo então cardeal Joseph Ratzinger, e sobre o Islão pelo agora papa Bento XVI consideradas insultos ao profeta Maomé, a visita teria passado despercebida.
Criado pelos média um ambiente de “perigo de morte” para o papa, o Vaticano, com uma experiência milenar de relações internacionais, logo no início da presença em solo turco construiu um clima de confiança ao transmitir pelos seus canais oficiais o apoio à entrada da Turquia na União Europeia, mas ressalvando que desde que cumpridos determinados requisitos, a realpolitik vaticana… Depois, tudo o resto passou para segundo plano.
Mas, enquanto esta visita decorria, a Europa continuava a dar conscientes passos para uma laicização total. Quando o anterior papa afirmava que a prioridade do seu pontificado era a Evangelização da Europa, sabia por que o afirmava. Joseph Ratzinger também fazia eco desta necessidade. Será que Bento XVI seguirá esse Caminho?
MM