\ A VOZ PORTALEGRENSE: Crónica de Nenhures

terça-feira, novembro 28, 2006

Crónica de Nenhures

Poder Político e Poder Cultural

Foi o comunista António Gramsci que teorizou que para se alcançar o poder político, primeiro tem que se deter o poder cultural. Esta tese tem sido comprovada ao longo da segunda metade do século XX, se bem que o passado histórico encontra inúmeros exemplos, onde elites culturais abriram caminho para que elites políticas chegassem ao poder.
Desta forma, para que haja mudança de paradigma tem que haver um trabalho de investigação e depois de divulgação das novas ideias, para que primeiro sejam assimiladas pelas elites culturais que as divulgam em livros, revistas, jornais, televisões, e hoje na internet, o meio mais eficaz de transmissão de conhecimentos novos.
Um exemplo recente de sucesso, à direita, foi em Portugal o Instituto Democracia e Liberdade, depois Instituto Amaro da Costa, que com a sua revista «Democracia e Liberdade» e com inúmeras conferência e seminários, formou uma geração que inicialmente ligada ao CDS (a direita possível no pós-25 de Abril de 1974, é bom não esquecer), se veio depois a espalhar por novos partidos e movimentos de direita.
Como exemplo de fracasso, ter-se-á o caso da revista «Futuro Presente» que se “fechou” sobre si própria, nunca dinamizando nenhum debate, ou mesmo preparando ou formando gerações no e para o combate cultural. Hoje é pouco mais que um “nome”, nada dizendo às gerações mais novas, com um conjunto de trabalhos e temáticas que não seguiram a evolução dos tempos.
Ao inverso da «Futuro Presente», o GRECE, em França, continua com uma pujança intelectual notável. O seu contributo para a sociedade francesa é exemplar, exercendo influência cultural e cívica em vários movimentos e partidas da direita francesa.

Insere-se nesta análise o «Primeiro Encontro Internacional “Da Ibéria à Sibéria”», da iniciativa da Causa Identitária. Nele, seis Oradores apresentaram as suas Teses sobre o Futuro da Europa. Todos contributos de nível Académico, interessaram uma Plateia de cerca de uma centena de participantes, heterogénea como convém neste tipo de iniciativas, motivada e que não deixou de participar no debate final.
Mas se esta notável iniciativa, de uma franja ou sector da direita portuguesa, não tiver continuidade, será uma experiência que no futuro apenas será passado. Desligada de qualquer partido ou movimento político, de cariz totalmente cultural, tem que desenvolver uma dinâmica que lhe permita repetir sazonalmente esta iniciativa com a “obrigação” de “produzir” as Actas do Congresso.
Finalmente uma palavra de Parabéns para o Presidente da Causa Identitária, Duarte Nuno Salazar Branquinho, pela qualidade da Organização, e uma palavra de Congratulação para com os Conferencistas pelo elevado nível das suas intervenções.
Discordando-se ou não das Teses defendidas pela Causa Identitária, esta teve a Coragem política de lançar o desafio cultural à direita pensante portuguesa. Agora, que outros Movimentos Culturais lhe sigam o exemplo.
MM