\ A VOZ PORTALEGRENSE: Do Alfarrabista

sexta-feira, novembro 17, 2006

Do Alfarrabista

Chegou-nos da Livraria Avelar Machado, Lisboa, esta obra de Amândio César.
Uma das suas particularidade é que em obras posteriores do Autor, como por exemplo em «O Guarda-Chuva Vermelho» ou «Guiné 1965: Contra-Ataque», aparece como “fora do mercado”.
Com 42 páginas, datado de 1953, é, “Para: António Manuel Couto Viana, Fernando de Paços, Manuel Filipe de Moura Coutinho e Jaime Hilário”. Muitos dos poemas são dedicados a vultos como Roby Amorim, Aurelina-Maria, Vasco Miranda, António Amorim, A. Teixeira Pinto, Miguel Vieira e Vasco Reis.
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As Margens da Memória
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Lírica
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Sonho. E o sonhar me consola!
Canto. E o cantar me embala!
Escutando-me, oiço a minha fala,
Que vai e bem como uma bola.

O mais és Tu, meu outro eu,
Onde me espelho em tamanho natural
- Nosso destino… nós dois. Era fatal:
Por isso todo o outro passado morreu.

Nem um eco ou roçar de aragem
Que levante cinzas, frias, queimadas:
Somos nós dois e o resto são nadas,
Perdidos, dispersos, em nossa viagem.
p. 10
.
Rei D. Sebastião
.
Rei que não soube ser Rei,
Nem viver o verbo amar…
- Daí seu ódio à Lei
e ao crescer e multiplicar.
p. 18
.
Figura de Retórica
.
Beijo como quem beija
Por desfastio:
Ou como água corrente,
No inconsciente
Leito do rio.
p. 20